junho 30, 2009
Do Fio de Ariadne chegou a este blog experimental o prémio
LEMNISCATA por amável escolha da Ana Paula
cuja distinção me honra e enche a alma
do prazer de existir muito para lá
do ler experimentado deste
modesto blog :)
Eis o texto oficial relativo ao prémio:
O blog Fio de Ariadne
atribuiu o prémio
Lemniscata
ao blog experimental
“O selo deste prémio foi criado a pensar nos blogs
que demonstram talento, seja nas artes, nas letras,
nas ciências, na poesia ou em qualquer outra área
e que, com isso, enriquecem a blogosfera
e a vida dos seus leitores."
Sobre o significado de LEMNISCATA: “curva geométrica com
forma semelhante à de um 8; lugar geométrico dos pontos
tais que o produto das distâncias a dois pontos fixos
é constante.”
Lemniscato: ornado de fitas; Do grego Lemniskos,
do latim, Lemniscu: fita que pendia das coroas
de louro destinadas aos vencedores
(In Dicionário da Língua Portuguesa, Porto Editora).
Acrescento que o símbolo do infinito é um 8 deitado,
em tudo semelhante a esta fita, que não tem interior
nem exterior, tal como no anel de Möbius,
que se percorre infinitamente.
(Texto da editora de “Pérola da cultura”.)
Do blog da Sol, recolho a menção
de várias curvas resultantes
de várias equações :):
> a Lemniscata de Bernoulli - (x^2 + y^2)^2 = 2a^2 (x^2 - y^2)
> a Lemniscata de Booth - (x^2 + y^2)^2 +4y^2 =4c(x^2 - y^2)
> a Lemniscata de Gerono – x^4 - x^2 + y^2 = 0
De acordo com as regras, este prémio
é para ser atribuído a 7 blogues,
os quais nomeio a seguir:
aluaflutua
Modus vivendi
conversas de xaxa
Recalcitrante
outra Física
Amok-A memória perdida
Bebedeiras de Jazz
junho 29, 2009
junho 28, 2009
junho 27, 2009
omar khayyam
junho 26, 2009
Maria Mercè Marçal, poetisa catalã
gentileza da eli
L'aigua roba gessamins
al cor de la nit morena.
Blanca bugada de sal
pels alts terrats de la pena.
Tu i jo i un bes sense port
com una trena negra.
Tu i jo i un bes sense port
en vaixell sense bandera.
El corb, al fons de l'avenc,
gavines a l'escullera.
Carbó d'amor dins els ulls
com una trena negra.
...
omar khayyam
junho 25, 2009
- Sabias, Sol? :) -
Avisou-me o Alumni,
a Associação dos Antigos Alunos
da Universidade do Porto.
Bons tempos,
uma vida mais serena,
aqui e ali estimulada
pelo Henrique Galvão,
Fídel de Castro, Humberto
Delgado e também Adriano
Moreira e os Estudos Gerais
de Luanda e Lourenço Marques!
Mas, para estudar e estar,
gostava mais do Café Aviz!
:)
junho 24, 2009
junho 23, 2009
junho 22, 2009
junho 20, 2009
junho 19, 2009
in bebedeiras de jazz
Instead of feeling bad
Be glad you got somewhere to go
Instead of feeling sad
Be happy you're not all alone
Instead of feeling low
Get high on everything you love
Instead of wastin' time
Feel good 'bout what you are dreaming of
Instead of trying to win something you never understood
Just play the game you know eventually you will you both look good
It's silly to pretend to have something you don't own
Just let her be a woman and you'll be her man
Instead of feelin' broke
Buck up and get yourself in the black
Instead of losing hope
Touch up the things that feel out of whack
Instead of being old
Be young because you know you are
Instead of feeling cold
Let sunshine into your heart
Instead of acting crazy chasing things that make you mad
Keep your heart ahead, it'll lead you back to what you have
With every step you are closer to the place you need to be
It's up to you to let her love you sweetly
Instead of acting crazy chasing things that make you mad
Just keep your heart ahead, it'll lead you back to what you have
With every step you are closer to the place you need to be
But it's up to you to let her love you sweetly
Instead of feeling bad
Be glad you got someone to love
Instead of feeling sad
Be happy there's a god above
Instead of feeling 'lone
Remember you are never on your own
Instead of feeling sad
Be happy that she's there at home
She's waitin' for by the phone
So be glad she all your own
Get happy...
Watin' for you by the telephone...
Don't get...
Back home,,,
junho 18, 2009
junho 17, 2009
Imagem: pesquisa google
Ainda a propósito
da linha do horizonte
em Fernando Pessoa,
«Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe, a abstracta linha.»
leiamos a geometria táctil
de Henri Bergson,
in Matéria e Memória:
«À medida que o meu horizonte se alarga,
as imagens que me cercam parecem desenhar-se
sobre um fundo mais uniforme e tornarem-se
indiferentes para mim.
Quanto mais contraio esse horizonte, tanto mais
os objectos que ele circunscreve se escalonam
distintamente de acordo com a maior ou menor
facilidade do meu corpo para tocá-los e movê-los.
Eles devolvem portanto ao meu corpo, como
o faria um espelho, a sua influência eventual;
ordenam-se conforme os poderes crescentes
ou decrescentes do meu corpo. Os objectos
que cercam o meu corpo reflectem a acção
possível do meu corpo sobre eles.»
:)
junho 16, 2009
junho 15, 2009
Infelizmente, não encontrei os versos;
mas desta vez, quase é português o catalão!
:)
MARÍA DEL MAR BONET / NO TROBARÀS LA MAR
post-scriptum:-Será que a canção é em galego!? Hum...
Encontrei a letra:
Si un dia véns a casa,
te mostraré es jardí,
un núvol que tenc al pati
i la flor de gessamí.
No trobaràs la mar,
la mar fa temps que va fugir:
un dia se'n va anar
i em va deixar aquí.
Deixaré sa feina per tu,
ses eines damunt sa taula,
tancaré bé sa finestra
i es vent no em robarà cap paraula.
Trobaràs noves flors
i fruites a la taula,
i una cançó per a tu
que fa temps que tenc guardada.
I més tard, quan te'n vagis,
serà l'hivern cada nit;
jauré en el mateix llit
amb la fredor en els llavis.
junho 14, 2009
junho 12, 2009
«Que mais ainda? Literalmente, o tempo fabrica crianças.
O tempo engendra. Aqui, uma cesura faz uma mossa
na roda sem a deter: os mortos acompanham
e relançam as gerações. Mas, no jogo
supremo que consiste em jogar ao
genitor sem deixar de ser
profundamente criança
não se fala da morte que implicitamente regula a partida. ( )»
junho 11, 2009
Estimo o amante que geme
E suspira de volúpia;
Desprezo, porém, o hipócrita
Que murmura uma oração.
Os sábios não te ensinam nada,
Mas ao acarinhares os longos
Cílios da tua bem-amada
Sentirás a felicidade.
Não te esqueças que tens os dias
Contados.
Assim, compra vinho,
Busca um retiro sossegado
E no vinho a paz, o consolo.
Omar Khayyam, Rubaiyat
junho 10, 2009
Tanto de meu estado me acho incerto
Que em vivo ardor tremendo estou de frio
Sem causa, justamente choro e rio
O mundo todo abraço nada aperto
É tudo quanto sinto um desconcerto
Da alma um fogo me sai, da vista um rio
Agora espero, agora desconfio
Agora desvario, agora acerto
Estando em terra, chego ao céu voando
Numa hora acho mil anos, e é de jeito
Que em mil anos não posso achar uma hora
Se me pergunta alguém porque assim ando
Respondo que não sei; porém suspeito
Que só porque vos vi, minha Senhora
luíz vaz de camões
Mas há dois poemas deste
que me fascinam
e empolgam:
[ ]
Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe, a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e com sensíveis
Movimentos de esperança e da vontade
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.
As rosas amo do jardim de Adónis
Que em o dia em que nascem
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o Sol e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após
O pouco que duramos.
joan salvat-papasseit
Eis a tradução para castelhano
com a preciosa ajuda da amável
blogger de Novelos de Silêncio
RES NO ÉS MESQUI
NADA ES MEZQUINO
Res no és mesquí,
ni cap hora és isarda,
ni és fosca la ventura de la nit.
I la rosada és clara
que el sol surt i s'ullprèn
i té delit del bany:
que s'emmiralla el llit de tota cosa feta.
Nada es mezquino,
y ninguna hora escabrosa,
ni es oscura la ventura de la noche.
Y el rocío es claro
el sol sale y se fascina
y tiene deseo del baño
que se maravilla ellecho de toda cosa hecha.
Res no és mesquí,
i tot ric com el vi i la galta colrada.
I l'onada del mar sempre riu,
Primavera d'hivern - Primavera d'estiu.
I tot és Primavera:
i tota fulla, verda eternament.
Nada es mezquino,
y todo rico como el vino y la mejilla curtida. ~
Y la ola del mar siempre ríe,
Primavera de invierno - Primavera de verano.
Y todo es Primavera:
y toda hoja, verde eternamente.
Res no és mesquí,
perquè els dies no passen;
i no arriba la mort ni si l'heu demanada.
I si l'heu demanada us dissimula un clot
perquè per tornar a néixer necessiteu morir.
I no som mai un plor
sinó un somriure fi
que es dispersa com grills de taronja.
Nada es mezquino,
porque los días no pasan;
y no llega la muerte ni habiéndola pedido.
Y si la habéis pedido os disimula un hoyo
porque para volver a nacer necesitáis morir.
Y no somos jamás un llanto
sino una fina sonrisa
que se dispersa como gajos de naranja.
Res no és mesquí,
perquè la cançó canta en cada bri de cosa.
-Avui, demà i ahir
s'esfullarà una rosa:
i a la verge més jove li vindrà llet al pit.
Nada es mezquino,
porque la canción canta en cada brizna de cosa.
-Hoy, mañana y ayer
se deshojará una rosa:
y a la más joven virgen le vendrá la leche al pecho.»
:)
junho 09, 2009
Res no és mesquí,
ni cap hora és isarda,
ni és fosca la ventura de la nit.
I la rosada és clara
que el sol surt i s'ullprèn
i té delit del bany:
que s'emmiralla el llit de tota cosa feta.
Res no és mesquí,
i tot ric com el vi i la galta colrada.
I l'onada del mar sempre riu,
Primavera d'hivern - Primavera d'estiu.
I tot és Primavera:
i tota fulla, verda eternament.
Res no és mesquí,
perquè els dies no passen;
i no arriba la mort ni si l'heu demanada.
I si l'heu demanada us dissimula un clot
perquè per tornar a néixer necessiteu morir.
I no som mai un plor
sinó un somriure fi
que es dispersa com grills de taronja.
Res no és mesquí,
perquè la cançó canta en cada bri de cosa.
-Avui, demà i ahir
s'esfullarà una rosa:
i a la verge més jove li vindrà llet al pit.
junho 08, 2009
Belíssimo album in Catharsis
Si en saps el pler no estalviïs el bes
que el goig d'amar no comporta mesura.
Deixa't besar, i tu besa després
que és sempre als llavis que l'amor perdura.
No besis, no, com l'esclau i el creient,
mes com vianant a la font regalada.
Deixa't besar -sacrifici fervent-
com més roent més fidel la besada.
¿Què hauries fet si mories abans
sense altre fruit que l'oreig en ta galta?
Deixa't besar, i en el pit, a les mans,
amant o amada -la copa ben alta.
Quan besis, beu, curi el veire el temor:
besa en el coll, la més bella contrada.
Deixa't besar i si et quedava enyor,
besa de nou, que la vida és comptada.
Joan Salvat-Papasseit (1894-1924)
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OFÍCIO DE AMOR
Se conheces o prazer, não escatimes o beijo
Pois o prazer de amar não comporta medida.
Deixa-te beijar e beija tu depois,
Que nos lábios sempre é onde o amor perdura.
Não beijes, não, como o escravo e o crente,
Mas como o viandante à fonte oferecida.
Deixa-te beijar – ardente sacrifício –
Quanto mais queima mais fiel é o beijo.
Que terias feito se tu morresses antes,
Sem mais fruto do que a aragem no rosto?
Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos
- amante ou amada – a taça muito alta.
Quando beijes, bebe, o copo sare o medo:
Beija no pescoço, o sítio mais formoso.
Deixa-te beijar,
E se ainda te apetece
Beija de novo, pois a vida é contada.
Tradução de : JOSÉ BENTO
in blog Alma de Poeta
junho 07, 2009
O Jogo de Cartas, de Balthus, em 1948-50
(continuação)
««O tempo é uma criança que faz (de) criança, que joga.»
Perversa ligeireza do jogo infantil: o tempo cíclico é como ela,
lamina-nos divertindo-nos, mas esta espiral não tem fim,
porque todos os jogos sobrevivem aos seus jogadores
e escolhem novos que chegam;
os jogos estruturam o mundo, e só os jogadores ingénuos ou
megalómanos acreditam que são eles que o conduzem.»
(continua)
op. cit., p.190
junho 06, 2009
junho 05, 2009
junho 04, 2009
junho 03, 2009
…..…«Não sou capaz de me concentrar ( )
…..…já não ouço, pura e simplesmente.
…..…As palavras dos outros já não me dizem nada.
…..…[Estarei] apaixonada?
…..… ( ) há muito tempo, eu já sabia. Mas para sempre?
…..…Ele acha que sim. Basta que um dos dois esteja convencido
…..…para o outro perder a cabeça. O outro sou eu.
…..…Já não tenho ouvidos. Apenas os olhos para o seu desejo velado
…..…de ternura quando pensa que ninguém está a olhar para nós. ( )
…..…Eu suspeitava de qualquer coisa, é claro,
…..…as mulheres suspeitam de tudo nos romances (…)
…..…Volto a ter um corpo. As costas endireitam-se,
…..…os seios crescem-me.
…..…Basta-me imaginá-[l]o, pensar nele, não pensar em nada aliás,
…..…repetir simplesmente a mim mesma que ele está algures
…..…nesta cidade, que ele respira e de certeza pensa em mim,
…..…para que a excitação baralhe o que me resta de entendimento.
…..…Uma adolescente.
…..…Desde quando me havia eu esquecido de que tinha um corpo?
…..… (…) a sua paixão consegue contornar as palavras,
…..…ele ama com a epiderme, os músculos, os lábios,
…..…o sexo, as mãos, os braços, as coxas.
…..…Nunca imaginei que o corpo de homem
…..…pudesse ser tão múltiplo e fluido.
…..…A verdade é que não o imagino, experimento-o,
…..…e ele restitui-me realmente o meu,
…..…igualmente diferenciado e igualmente sensual.
…..…Delicadeza só em gestos, carícias, atitudes.
…..…A alma dissolvida em actos de ternura ( ).
…..…Apetece-me embonecar-me, comprar vestidos,
…..…bâtons extravagantes, sapatos novos.
…..…Passo para o outro lado, saio do meu túmulo,
…..…de novo me torno grácil. ( ) mudei de perfume.
…..…Como tornei a ser adolescente ( ), procuro o risco.
…..…A surpresa à beira do escândalo, porque não?»
op. cit.
junho 02, 2009
junho 01, 2009
«A capacidade de fingir impressiona-me mais que a estupidez
ou a doença. Nada mais duro, mais partilhado e eterno
que a falsidade. Os que a dominam são os jogadores
que conduzem o mundo.
Devo dizer que as minhas reticências morais depõem armas perante
o meu fascínio pela sua destreza em fingir que não fingem ,
quando fingem e nada mais fazem que isso, negando sempre.
Porque, no fim de contas, não será a arte de fingir, de mimar,
de macaquear, indispensável ao bebé para se tornar
um ser autónomo, o indivíduo à parte
que todos sonhamos ser?
Fingir faz parte do tornar-se-verdade,
Sabem-no pais e educadores.
O erro — e o horror — começa quando o movimento se bloqueia:
Já não fazem mais nada a não ser fingir,
E não o sabem (os pasmados), ou,
Sabendo, insistem (os cínicos)
(…)»
Imagem Google ; Poema in "Novelos de Silêncio"
Feliz, quem sabe, o vento. Sem memória,
beijando-me nos lábios, ele abraça
o meu destino às cegas na paisagem.
É sempre nesse instante que regresso
à poalha do céu onde começa
talvez a maldição, talvez o encanto
de invocar-te em silêncio. Porque, eu sei,
entre palavras morre a cor dos sonhos,
o vão pressentimento de estar vivo.
Feliz talvez o vento e no entanto,
arrasta ainda areia e vagas vozes
na praia ao abandono. A luz da tarde
encobriu-se de névoa, só o mar
ficou perto de mim – agora é simples:
as ondas trazem novo o teu sorriso,
movem o seu abismo nos meus olhos,
mas lágrimas nenhumas vão salvar-me
o corpo, a alma, as cinzas, esta vida.
Fernando Pinto do Amaral, Praia