janeiro 27, 2012



Meia Palavra,
Susana Félix

Tudo aquilo que queres ouvir
já to disseram com muito mais sal
é tempo de poderes descobrir
quanto é que o silêncio vale

Escuta cada entrelinha
está lá tudo o que há para dizer
põe a tua mão na minha
e ouve o marfim a correr

Meia palavra basta para falar de amor
palavra e meia é muito, sê bom entendedor
sê bom, sê bom entendedor,
sê bom, sê bom entendedor
meia palavra basta para falar de amor
palavra e meia é muito sê bom entendedor
sê bom, sê bom entendedor, sê bom...

Não sejas um filme tão espesso
com mil voltas para ir daqui ali
eu quero virar-te do avesso
e ler o que de melhor há em ti

Procura um sinal em cada olhar
a química não sabe mentir
deixa o silêncio falar
está lá tudo o que é preciso ouvir

Meia palavra basta para falar de amor
palavra e meia é muito sê bom entendedor
sê bom, sê bom entendedor,
sê bom, sê bom entendedor
meia palavra basta para falar de amor
palavra e meia é muito sê bom entendedor
sê bom, sê bom entendedor,
sê bom, sê bom entendedor

Não sejas delicodoce nem piegas
o amor avança sempre às cegas
ele sabe o caminho, deixa-o andar
não fales muito para não o assustar

Meia palavra basta para falar de amor
palavra e meia é muito sê bom entendedor
sê bom, sê bom entendedor,
sê bom, sê bom entendedor

janeiro 15, 2012



«Os jornais são o ponteiro dos segundos da história.
Esse ponteiro, no entanto, não só é geralmente
de metal inferior ao dos outros dois [o dos
minutos, os factos históricos; o das horas, a
filosofia ou espírito do tempo] como
raramente trabalha bem.

Os chamados «artigos de fundo»
são o coro das tragédias dos factos correntes.
O exagero em todos os sentidos é essencial,
tanto nos jornais como nos dramas:
porque a questão principal reside em tirar
o máximo partido de cada ocorrência.

Por isso, todos os jornalistas são,
em virtude da sua profissão,
alarmistas: é a forma
que têm de tornar
as coisas interessantes.

O que realmente fazem, no entanto,
é assemelharem-se aos cachorros
que, logo que vêm alguma coisa a mexer,
desatam a ladrar.

É necessário, por isso, não prestarmos
grande atenção aos seus alarmes
e apercebermo-nos, em geral,
de que o jornal é uma lente
de aumentar, e isso no
melhor dos casos,
porque,
muito frequentemente,
não passa de um jogo de sombras na parede.»



Arthur Schopenhauer, Aforismos
Public.Europa-América, Lisboa 1998, pp.110-111

janeiro 11, 2012


David Downton, img in Modus Vivendi


«Coincide comigo a sequência perfeita do que ainda
não existe»



Sandra Costa, Sob a luz do mar,
Campo das Letras, Porto 2002, p. 66

janeiro 10, 2012



«A arte de não ler é muito importante.
Consiste em não sentir interesse algum por
aquilo que está a atrair a atenção do público
........................[numa determinada altura.

Quando um panfleto político ou eclesiástico,
um romance ou um poema estão a causar grande sensação,
não devemos esquecer-nos de que quem escreve para tolos
tem sempre grande público. Uma condição prévia para
ler bons livros é não ler os maus:
— a nossa vida é curta.»

Arthur Schopenhauer, Aforismos
Public.Europa-América, Lisboa 1998

janeiro 09, 2012


Emprego da tração animal em ferrovias

«O maior benefício conferido pelos caminhos-de-ferro
é poupar milhões de cavalos de tracção
à sua miserável existência.»


Arthur Schopenhauer, op.cit.

janeiro 08, 2012



Revelação. As efémeras gerações humanas nascem e
passam em rápida sucessão; os indivíduos,
oprimidos pelo medo, as carências
e os desgostos, vêm a cair
nos braços da morte.

Enquanto o fazem, nunca se cansam de perguntar
o que os atormenta e o que significa toda aquela tragicomédia.
Suplicam ao Céu uma resposta, mas o Céu permanece silencioso.
Em vez de uma voz do Céu, vêm os padres com revelações.

Arthur Schopenhauer, Aforismos
Public.Europa-América, Lisboa 1998

janeiro 07, 2012



«Ter esperança é confundir
o desejo de uma coisa com
a sua probabilidade.»



Arthur Schopenhauer, Aforismos
Public.Europa-América, Lisboa 1998

janeiro 05, 2012


Paul Laurenzi, imagem in Modus Vivendi

Amorosas esquivanças

Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.


Luís de Camões

janeiro 01, 2012


Paul Laurenzi, imagem in Modus Vivendi

«Não é o medo da loucura que nos vai
obrigar a hastear a meio-pau
a bandeira da imaginação.»

André Breton, Manifesto do Surrealismo (1924)