dezembro 30, 2011


«Qu'est-ce tout cela qui n'est pas universelle?» :)

Notável ensaio de Raymond Aron (1905-1983),
datado de 1954, antes da destalinização
de Khrushchev, do Tratado de Roma,
da descolonização da Argélia,
da Vª República de Gaulle!

Um manifesto desassombrado
contra o narcótico religioso
da esquerda comunista militante,
denunciando-lhe a ilusão utópica
em que se debate ou, franqueado
o limiar da militância,
o sacrifício do livre
e independente
julgamento
da razão.

dezembro 22, 2011



Principiamos onde o outro acaba
pois um ao outro
oferecemos mais
que a verdade consentida a cada um,
a vida inteira descobrindo
nossa
no mistério paralelo revelado.


Helder Macedo, Poemas Novos e Velhos,
Editorial Presença, Lisboa 2011

dezembro 21, 2011



Quebrado o espelho
resta ainda a face
impessoal e exacta
a desvendar

Quebrado o espelho
estamos face a face
mais um do outro
do que de nós mesmos.

Quebrado o espelho
meu amor
busquemos
tanto um no outro

que se reconstrua
dos nossos corpos
contra a morte erguidos
a essência mortal que os definiu.

Helder Macedo, Poemas Novos e Velhos,
Editorial Presença, Lisboa 2011

dezembro 20, 2011



Não disse tudo
ainda.
Nem nunca poderia com palavras
libertar
o fogo original
que tenho a revelar
em ti.

Comigo morrerá o fogo eterno
que me cabe
morrendo o tempo e o espaço do meu corpo
que deu à morte a forma exacta
e obscura
de um destino.

Mas não há palavras para falar da morte
nem da morte há palavras para ouvir
salvo o grito gelado
que enclausurou o tempo
em prazos de uma vida.

As palavras da morte somos nós
és tu e eu
meu solitário amor
altivos no pavor do seu grito de comando.

Helder Macedo, Poemas Novos e Velhos,
Editorial Presença, Lisboa 2011

dezembro 19, 2011

dezembro 18, 2011

O acólito

Destak — 14.12.2011
“Coluna Vertical” — José Luís Seixas, Advogado



Não há conferência de imprensa ou comunicação pública convocada pelo Banco Central Europeu em que o Dr. Victor Constâncio não figure na mesa ladeando o Presidente. Assemelha-se a um adereço obrigatório, como os ramos de cravos nas cerimónias do 25 de Abril. Ou, numa outra perspectiva, a um acólito que marca a sua presença na cerimónia litúrgica sem, porém, nela participar, nem sequer para entoar os salmos. Não ouso comparar o Dr. Victor Constâncio a um cravo ou mesmo a uma flor. Pelo que prefiro equivalê-lo à figura respeitável do acólito., De qualquer forma, julgo que todos ficamos um pouco espantados com esta sua persistente aparição. É muito recente a memória da sua governação do Banco de Portugal, das omissões no acompanhamento do BPN e do BPP, na fiscalização da actividade finanaceira, designadamente nas práticas de concessão de crédito, no controlo da dívida pública e no crescimento demencial do endividamento do Estado. Integra, em lugar de destaque, a galeria dos maiores responsáveis da situação a que chegámos que nos custa o presente e compromete o futuro. Por isso, se foram os mandatos do Dr. Constâncio à frente do Banco de Portugal que o alcandoraram a segunda figura do BCE estamos bem tramados. É que, como diz o Povo, “pela montra se vê a loja”. Resta a esperança de que a sua função seja, realmente, de acólito. Arrogante e sobranceiro embora, como é da sua idiossincracia. Mas com isto todos podemos bem.

dezembro 17, 2011

Acerca da oferta pública do BPN ao BCI

Destak — 14.12.2011
Cartas do Leitor — JosÉ Amaral, V.N. Gaia





Após o elevadíssimo sorvedouro público para manter em funcionamento o BPN — Banco para alguns Nabos —, sem que qualquer administrador fosse obrigado a repor o que tivera desviado em proveito próprio, ou beneficiado amigalhaços nessas dolosas negociatas, ou ainda desbaratando muitos milhões em loucuras de verdadeira sumptuosidade, sem sequer irem parar à prisão, o Estado, segundo novas notícias vindas a lume e que são altamente lesivas e sempre ultrajantes, lá vai dá-lo por 40 milhões de euros, repartidos em quatro suaves prestações , ao BCI — Banco Comprador de Insolvências Fictícias —, em que, para cúmulo do admissível, o Estado ainda é obrigado a injectar no abismo de tal buraco negro a módica quantía de 500 milhões de euros e ficar obrigado a receber no seu seio social metade dos trabalhadores.

E é por causa de iguais negociatas e roubos de igual jaez, dirimidos por dragonados estrategos pagos a peso de ouro e intocáveis a tudo que de mal têm engendrado, que Portugal está mergulhado na maior e mais nefasta encruzilhada de toda a sua honrosa e heróica História multissecular. E o mais exótico desta e outras palhaçadas é o interlocutor, metido na compra/venda/BCI/Estado/BPN, ser o reformado mais bem pago de Portugal.

dezembro 08, 2011


«Ora, estando Josué nos arredores da cidade de Jericó,
levantou os olhos e viu diante de si um homem em pé,
que tinha uma espada desembaínhada; foi ter com ele
e disse-lhe: Tu és dos nossos ou dos inimigos?»

Livro de Josué, 5, 13

dezembro 03, 2011



«Geração significa
passagem ou transição
de um extremo a outro;
por isso dizemos que o erro
é como uma transição ou decepção.»


(Aristóteles)