dezembro 20, 2011



Não disse tudo
ainda.
Nem nunca poderia com palavras
libertar
o fogo original
que tenho a revelar
em ti.

Comigo morrerá o fogo eterno
que me cabe
morrendo o tempo e o espaço do meu corpo
que deu à morte a forma exacta
e obscura
de um destino.

Mas não há palavras para falar da morte
nem da morte há palavras para ouvir
salvo o grito gelado
que enclausurou o tempo
em prazos de uma vida.

As palavras da morte somos nós
és tu e eu
meu solitário amor
altivos no pavor do seu grito de comando.

Helder Macedo, Poemas Novos e Velhos,
Editorial Presença, Lisboa 2011

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