maio 31, 2009



Estudei muito quando moço.
Tive muito mestre eminente.
Orgulhei-me, regozijei-me
De meus progressos e triunfos.
Quando evoco o sábio que eu era,
Comparo-o à água, que se amolda
à forma do vaso, e à fumaça,
Que é dissipada pelo vento.

Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 30, 2009

Agarro-me a sinais, a formas


«Agarro-me a sinais, a formas que me conduzem a outros sinais,
a outras formas, fito os passos da minha memória

para fugir ao que me rodeia
e que não tem memória
. ( )


— Detesta o artifício, não é? Ora bem, aqui tudo é fogo-de-artifício!
( ) Acompanha com uma gargalhada a explosão da rolha.

Como falar com um homem que usa um pseudónimo?
Inclino-me a pensar que ele esconde um desconhecido de si mesmo.
( ). Portanto, não respondo, faço-lhe um grande sorriso;
a lógica não é decerto terapêutica. Mas talvez
corresponda melhor ao mundo em que estamos.»

op. cit.

maio 29, 2009

Volúvel é o silêncio


Imagem in branco no branco

Volúvel é o silêncio das frases que não adquirem
matéria poética por serem quotidianas:

há uma pedra à entrada de cada poema
como um aviso

"volte mais tarde, o desejo
também se faz de beijos que ficam por dar".


Sandra Costa


Dizem-me: «Não bebas mais, Khayyam!»
Eu respondo: Quando bebo, ouço o que me dizem as
rosas, as túlipas e os jasmins.
Escuto mesmo aquilo que não pode dizer-me o meu
bem-amado.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 28, 2009

A "emissora" rádio azul :):



lembrou-me o exótico conto
de Thomas Mann



As Cabeças Trocadas - Uma lenda hindu,
(«Die vertauschten Köpfe» - Eine indische Legende),


cujo primeiro texto
da história que resumi
e transcrevi, aqui lembro:


Sita, a dos belos quadris...

«A história de Sita, a dos belos quadris, filha de Sumantra,
criador de gado, mas de linhagem guerreira, e dos seus dois esposos
(se assim podemos dizer) é de tal modo sangrenta e perturbadora
para os sentidos, que exige do ouvinte grande energia e
firmeza de ânimo para resistir às aterradoras
fantasmagorias de Maya.»


Se em teu coração
Enxertaste a rosa
Do Amor, tua vida
Não passou inútil.
Quer a voz de Deus
Ouvir procurasses,
Ou a taça brandisses
Sorrindo ao prazer

Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 27, 2009



«O cocktail ( ), festa ritual da sociedade intelectual ( )

O salão de recepção e o jardim coberto pela tenda
do fornecedor de banquetes são pequenos de mais
para conter tanta coisa falsa; as pessoas
não estão
lado a lado, apertam-se umas contra as outras.

Têm ciúmes e detestam-se ao ponto de fazer
sorrisos que significam insolentemente

que não significam nada.

( ) Toda a gente se anula numa banalidade sem apetite.»

Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990),
Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991

maio 26, 2009



Fecha o teu Corão.
Pensa livremente,
E encara livremente o Céu e a Terra.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 25, 2009

Lie to me!

Se lhe obedecesse,
revelar-lhe-ia a verdade;
pelo que desobedeceu.
Logo, disse a verdade.

O paradoxo do mentiroso
ou
A metalinguagem do amor.



«— Tell me something nice.
— Sure! What do you want to hear?

— Lie to me! Tell me all these years you've waited me.
— All these years I waited you.

— Tell me you would die if I haven´t come back.
— I would have died if you hadn´t come back.

— Tell me you still love me like I love you.
— I still love you like you love me.

— Thanks.»

maio 24, 2009


Willem de Kooning in Modus Vivendi

Falam da estrada do Conhecimento...
Uns dizem tê-la achado, outros procuram-na.
Mas um dia uma voz há-de exclamar-lhes:
“Não há estrada nenhuma, nem vereda!”


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 22, 2009

Descartes



A propósito deste vídeo,
a que cheguei através de Bach
da Sol, do Branco no Branco, recordo
uma antiga homenagem ao ilustre filósofo,


Descartes: Uma singela homenagem.

Neste final de milénio, em que virou moda, com Damásio e outros,
denunciar O Erro de Descartes… aqui deixo o meu testemunho juvenil
de sincera gratidão àquele que foi o primeiro racionalista europeu.


E lembro um par de manhãs, num café do Porto, já desaparecido ,
nos idos de cinquenta do século passado, onde, aconchegado
por um “pingo bem tirado e uma “mirita torrada” :),
compreendi maravilhado toda a demonstrada
exposição da geometria analítica plana,

essa absorção da geometria milenar de Euclides
pelo simbolismo e análise algébrica,
esteio da nova ciência
impulsionada por Descartes.


Claro que toda a matemática, por muito abstracta e criativa
que seja, pulsa e vibra na própria natureza: assim a definição
da posição de um ponto, por meio de um par de números,
uma sugestão natural para o homem
na sua existência sobre a Terra!

Que o diga, o rapaz de dez anos que fui,
em férias de Páscoa no campo: - reencontrar
o esconderijo habitual do milheiral :) — invisível
ao nível do chão, por a altura das canas ultrapassar
a sua própria — tornou-se habilidade mental exacta,
ao constatar, do monte, a cova das canas partidas

na “terceira fila do canavial”, e
no segundo poste de granito da vinha”!

E que prazer ter mudado da procura às cegas,
para o caminhar certeiro ao lugar do esconderijo! :)

Só nunca “gostei” muito do «penso, logo existo»!
Porque, quando tal me acontecia, no limiar da Razão,
aos sete-oito anos, na cama a “dormir acordado”,
imaginava como seria se não houvesse ninguém
nem nada no mundo, «então, eu sozinho,
por montes e vales, sem sol
nem árvores nem viv'alma»,

«seria assim...», pensava;
«logo, seria um horror, tal mundo!»;
e «ainda bem que havia pessoas.»

Mas já Espinosa, crítico genial de Descartes,
— que não obstante, no Tratado das Paixões da Alma
sua última obra, se redime da secura racionalista,
embora ‘se perca na glândula pineal’ sob cujo paradigma,
em todo caso, Damásio conduz sua pesquisa neurológica
— enunciava o seu anti-solipsismo:

«Não existe coisa singular na Natureza
que seja mais útil ao homem
do que o (seu semelhante)
que vive sob a direcção
da Razão.»
(Ética IV, prop. XXXV, corol. I).

E isto é verdade, mesmo que o exercício da Razão,
em condições de liberdade, resulte necessariamente
numa racionalidade plural!, cuja tolerância
é apanágio dos sábios.

:)


Willem de Kooning in Modus Vivendi

Jamais desejei o manto do engano
Mas roubaria por um copo de vinho.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 21, 2009


«Estou, portanto, mergulhada no horror.
Não me queixo, é o meu ofício.

As pessoas pagam-me para serem na minha presença
estúpidas e más, abjectas de vez em quando,

tendo como prémio, não menos abjecto mas tocante,
de renascerem, de construírem uma vida nova. ( )


Na realidade, parece ser antes o encontro surrealista ( );
disseco as frases-biombo para referenciar a sílaba,
a palavra onde se esconde o não-dito
; ( )

Sou desejada, amo: pois sim, não é um jogo, não,
É uma paixão louca!

No entanto, somos dois, insisto.
O meu papel é manter que somos mesmo dois.


Todo este mundo intelectual, literário (…) como se podem escrever romances,
e portanto construir falsificações, um mundo como desejamos e não como é,
quando todos estamos doentes de mentiras?

Julga-se curar a mentira com uma bela mentira. ( ) Diário íntimo? ( )
Erotomania da mulher que, passados os trinta, exprime pela escrita
os seus desejos reprimidos?

Interpretar: dar uma forma que resulta do que escolhi eliminar.
Interpretar está, portanto, mais perto de escrever do que se imagina.

( ) O escritor persegue o perseguidor. ( )
O inimigo não tomou forma no exterior; invadiu-me
e eu combato-o unicamente pela repulsa.

Repulsa em que estamos ligados, o horror e eu:
que é que eu expulso, o horror ou eu?

Nem um nem outro, ambos ao mesmo tempo.
Nesta miséria desponta a minha certeza,
que pode tornar-se hostil,
de ser outra

Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990),
Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991

maio 20, 2009


Junto da tua bem-amada, Khayyam, estavas tão só!
Agora que ela partiu, poderás refugiar-te nela.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 19, 2009



«Os pormenores do quotidiano, insignificantes, mesquinhos ou horríveis...
Sou capaz de imaginar todos os pontos de vista e de representar os papeis
correspondentes: ser insignificante, mesquinha, horrível.

Afinal, oiço melhor o que me dizem
(ou antes: mais perto do excesso ou da insensatez)
quando decido ouvir, na insignificância da murmuração,
uma abjecção que exige ser perdoada.

Para quê? Para nos conhecermos,
talvez para nos deslocarmos um furo
em direcção a outro horror, menos assassino,
e assim sucessivamente, isto é,


indefinidamente indiferente e
às vezes engraçada


:)


Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990),
Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991

maio 18, 2009


O nosso universo é um caramanchão de rosas.
Os nossos visitantes, as borboletas.
Os nossos músicos, os rouxinóis.
Quando já não há rosas nem folhas,
as estrelas são as minhas rosas
e a tua cabeleira a minha floresta.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 17, 2009






Mon cœur s'ouvre à ta voix comme s'ouvrent les fleurs
Aux baisers de l'aurore!
Mais, ô mon bien-aimé, pour mieux sécher mes pleurs,
Que ta voix parle encore!
Dis-moi qu'à Dalila tu reviens pour jamais!
Redis à ma tendresse
Les serments d'autrefois, ces serments que j'aimais!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!

Ainsi qu'on voit des blés les épis onduler
Sous la brise légère,
Ainsi frémit mon cœur, prêt à se consoler
À ta voix qui m'est chère!
La flèche est moins rapide à porter le trépas,
Que ne l'est ton amante à voler dans tes bras!
Ah! réponds à ma tendresse!
Verse-moi, verse-moi l'ivresse!

Camille Saint-Saëns, Samson et Dalila

Nota:- Embora o primeiro audio
seja de Maria Callas, no segundo,
de Guadalupe Pineda,
a dicção
é mais clara e cristalina. :)

maio 16, 2009


Podes perseguir-me incessante,
Ó imagem de outra ventura!
Podeis, ó vozes amorosas,
Modular os vossos encantos!
Olho só para o que escolhi.
Só escuto o que já me embalou.
Dizem-me:
“Deus te perdoará.”
Recuso o perdão, que não peço.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 15, 2009


Francis Picabia, Femme aux oiseaux
in blog "poste lunar"

Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas,
ao contrário das outras que se desfazem nos dedos.
Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos
escolhê-las, metê-las dentro do poema como
se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas
ficam no ar, invisíveis, como se não precisassem
dos sons com que as dizemos.

Agora, o efeito das palavras. A sua rotação
na cabeça, e pelas artérias, até ao centro:
o coração. Outra palavra com que se diz: o
amor. Mas não falo de sinónimos; de resto,
há palavras que escondem o contrário do que
querem dizer, e só as conhece quem ama, se
a vida não o levou por caminhos confusos.

Amo-te. Também podia dizer: a solidão
com que te amo, ou o medo de te amar. A partir
de uma palavra tudo se pode fazer, numa página,
quando o que aí está é um poema. No entanto
essas palavras conduzem-me até ti, isto é,
fazem-me viver por dentro delas. É por isso
que tudo se confunde: o amor, a solidão, o medo,
e até a vida, que também é uma palavra.


Nuno Júdice, in Poemas em voz alta

maio 14, 2009


Cansado de interrogar, em vão, os homens e os livros,
...............................eu quis interpelar a ânfora.
Pousei os meus lábios sobre os seus e murmurei:
Para onde irei quando morrer?
A ânfora respondeu: Bebe na minha boca.
Bebe longamente. Jamais voltarás aqui.

Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 13, 2009


Ahmad Vakili
És luz do coração e tranquilidade da alma
Propagas a rebelião e a rebelião apagas.
Perguntam-nos: do amigo, qual é a prova?
Estar sem a prova do amigo, essa é a prova.


op. cit., # 76

maio 12, 2009


Os dedos deslizam, escrevem, e
Tendo escrito, continuam; e
Nem toda a tua vontade ou espírito
Os convencem a voltar
Para meia linha retirar,
Nem todas as tuas lágrimas
Para uma palavra apagar.


Omar Khayyam, Rubaiyat

maio 11, 2009


Mahmoud Farshchian
A água da juventude não é mais que uma gota de suor do teu rosto
Ó Lua, o universo não é mais que um vestígio da cintilação do teu rosto.
Eu dizia que queria uma longa noite de luar
Esta noite é a noite da tua cabeleira e o luar é o teu rosto


op.cit., # 65

maio 10, 2009


Ahmad Vakili
Que nunca fuja do meu olfacto o teu perfume
E nunca dos meus olhos se afaste a tua imagem.
Por ti, noite e dia, morro de desejo
O desejo segue e a vida foge.


Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat,
Tradução e introdução de Adelino Ínsua,
Ed. Pedra Formosa, Guimarães, 2002, p. 114

maio 09, 2009


Ali Faramarzi
Ontem à noite estive ali e comigo essa figura clemente ...
Eu era todo súplica e ela toda carícias.
Passou a noite e não acabou a nossa história
Não tem culpa a noite: a nossa história era longa.


op.cit., # 97

maio 08, 2009




«Rei voraz com o próprio povo,
é sobre nulidades que tu reinas.»

«Chamar-me-ia um cobarde e uma nulidade,
se tivesse de te ceder naquilo que me ordenas.

A outros dá as tuas ordens, mas não penses mandar
em mim. Pois penso nunca mais te obedecer.»

Íliada, 1.231; 93-96


Que saibas que o meu amado de todo oculto está
Está para além das imagens de toda a imaginação
No meu peito é visível como a lua
Está misturado com o corpo, como está a alma.

op.cit., # 80

maio 07, 2009

E por falar
em Kafka...




Ein Traum

Sabiam os três.
Ela era a companheira de Kafka.
Kafka tinha-a sonhado.
Sabiam os três.
Ele era amigo de Kafka.
Kafka tinha-o sonhado.
Sabiam os três.
A mulher disse ao amigo:
«Quero que esta noite me desejes.»
Sabiam os três.
O homem respondeu-lhe:«Se pecamos,
Kafka deixará de nos sonhar.»
Um deles soube.
Na terra não havia mais ninguém.
Kafka disse:
«Agora que partiram ambos, fiquei só.
Deixarei de me sonhar.»

Jorge Luís Borges,
in "A moeda de ferro"

Armond Ayvazian
Todos os átomos que estão no ar e no deserto
Sabe-lo bem, estão enamorados como nós.
E cada átomo, feliz ou desditoso
Está aturdido pelo sol do espírito incondicionado.


op.cit., # 17

maio 06, 2009

Eis o texto completo do poema anterior:

EU SOU A VIDA DO MEU AMADO

Que fazer, ó muçulmanos? Pois não me reconheço a mim mesmo.
Não sou nem cristão, nem judeu, nem guebro, nem muçulmano;
não sou nem do Oriente, nem do Ocidente, nem da terra, nem do mar; não provenho da natureza, nem dos céus em sua revolução.
Não sou de terra, nem de água, nem de ar, nem de fogo;
não sou do empíreo, nem da poeira; tão-pouco da existência ou do ser.
Não sou da Índia, nem da China, da Bulgária ou de Saqseen;
não sou do reino do Iraque nem de Khorasan.
Não sou deste mundo, nem do outro, nem do paraíso nem do inferno;
não sou nem de Adão, nem de Eva, nem do Éden nem de Rizwan.
O meu lugar é não ter lugar, o meu rastro é não ter rastro;
não sou nem o corpo nem a alma, pois eu sou a vida do meu Amado.
Renunciei à dualidade, vi que os dois mundos são um;
Um só eu procuro, Um só eu sei, Um só eu vejo, Um só eu chamo.
Ele é o primeiro, Ele é o último, Ele é o Manifesto, Ele é o Escondido;
não conheço nenhum outro senão “ó Ele” e “ó Ele que é!”
Estou inebriado da taça do amor, não quero saber dos dois mundos;
não tenho outro fim senão a embriaguez e o êxtase.
Se passei um só instante da minha vida sem Ti,
desse momento e dessa hora eu me arrependo.
Se obtiver neste mundo um único momento contigo,
calcarei aos pés os dois mundos,
Dançarei em triunfo para todo o sempre.
Ó Shams de Tabriz: estou tão ébrio deste mundo que nada mais sei
senão embriaguez e arroubos.



Mahnaz Ahmadi


Interessante
que esta artista persa,
uma mulher bela, justamente
evoque a beleza inumana desta
paisagem planetária que se avera
co-possível e compatível com a nossa
existência de viventes humanos...

Emociona-me, o contraste.

:)

Poster persa in Modus Vivendi

«Não sou deste mundo, nem do outro, nem do paraíso nem
.............................................................................do inferno;
O meu lugar é não ter lugar, o meu rastro é não ter rastro; [...]

Renunciei à dualidade, vi que os dois mundos são um; [...]
Estou inebriado da taça do amor, não quero saber dos dois mundos;
não tenho outro fim senão a embriaguez e o êxtase. [...]

Se obtiver neste mundo um único momento contigo,
calcarei aos pés os dois mundos,
Dançarei em triunfo para todo o sempre.»


Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat

maio 05, 2009


Pierre Marcour, Dessin erotique

«Disse à noite: “Como tens fé na Lua
A tua fugaz passagem deve-se à sua inconstância”.
A noite olhou-me e assim se desculpou:
“Que culpa tenho se o amor não acaba?”»

Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat,
Trad. e introd. de Adelino Ínsua,
Ed. Pedra Formosa, Guimarães, 2002, # 87

maio 04, 2009



O teu amor devastou a tal ponto o meu coração
Que tudo o que lhe é estranho se consumiu.
Esquecendo a razão, as lições, os livros
Entrega-se à poesia, às odes, aos quartetos.


Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat, # 23

maio 03, 2009


Imagem in Modus Vivendi
Do amor em looping

Picasso
Sabe, canção, que porque não vejo
engano com palavras o meu desejo.


(Camões)

maio 02, 2009


Thomas Anshutz in Modus Vivendi
Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?


Cecília Meirelles

maio 01, 2009


A viração da primavera
Refresca as pétalas das rosas,
E na sombra azul do jardim
Beija as faces da minha amada.
Apesar da felicidade
Que gozamos outrora, esqueço
O passado.
A doçura de hoje
Ó, querida, é tão imperiosa!
Omar Khayyam, Rubaiyat