julho 28, 2012


«Que a concepção do científico não consiste apenas, ou principalmente, no sistema e nas suas acabadas construções teóricas não carece, hoje em dia, de explicitação. Neste tratado não vamos encontrar o sistema à superfície e, em vez de todo um acabado edifício, teremos apenas materiais.

O científico reside, aqui, na tentativa de aprofundar a natureza dos fenómenos militares para mostrar a sua afinidade com a natureza dos elementos de que se compõe.

Em nenhum lugar se fugiu ao argumento filosófico, mas onde ele se tornava por demais ténue, o autor preferiu cortá-lo de vez e regressar aos correspondentes resultados da experiência; porque, do mesmo modo que muitas plantas só dão fruto se não se tornarem grandes demais, assim também nas artes práticas, as folhas e flores teóricas não se devem deixar desenvolver demais, mas devem ser mantidas próximas da experiência, que é o seu solo natural.

Está fora de dúvida que seria um erro tentar descobrir a forma de uma espiga de milho a partir dos ingredientes químicos de um grão dela, pois temos apenas de ir ao campo para ver as espigas maduras. A investigação e a observação, a filosofia e a experiência não devem desprezar-se nem excluir-se mutuamente; antes mutuamente se concedem os direitos de cidadania.

Em consequência disso, as afirmações deste livro, com a sua arquitectura de inerente necessidade, são comprovadas quer pela experiência quer pela concepção da guerra em si própria como pontos externos, por isso que não são ilimitadas (*)

(*) Que este não é o caso nas obras de muitos escritoreas militares, especialmente daqueles que pretenderam tratar da própria guerra de um modo científico, é-nos mostrado em muitas instâncias nas quais, devido aos seus raciocínios, os prós e os contras se comem mutuamente de modo tão efectivo que não ficam vestígios das caudas dos dois leões.

(Introdução do autor)

julho 26, 2012


Il est vrai que ce monde où nous respirons mal
N'inspire plus en nous qu'un dégoût manifeste,
Une envie de s'enfuir sans demander son reste,
Et nous ne lisons plus les titres du journal.


Nous voulons retourner dans l'ancienne demeure
Où nos pères ont vécu sous l'aile d'un archange,
Nous voulons retrouver cette morale étrange
Qui sanctifiait la vie jusqu'à la dernière heure.


Nous voulons quelque chose comme une fidélité,
Comme un enlacement de douces dépendances,
Quelque chose qui dépasse et contienne l'existence
Nous ne pouvons plus vivre loin de l'éternité.


op. cit., ibidem, p.207

julho 15, 2012


«Whatever a person actively does
must raise his level of health and vitality.»
, p.259

julho 12, 2012


REVERSIBILIDADE


Não sei assim
do que de mim foi feito
daquele que não fui.


O que não fui não conta
é cousa que abjurei
mas ainda existe.


Existe e persiste
na sua memória
cecretamente.


A outra face
a de quem não fui
e não quis que o fosse


é o outro lado
desta face que é
a verdadeira ou não.
 Não sei assim
do que de mim foi feito
daquele que não fui.


Lago de Nóbrega*

In "Jorge Barbosa, Poesia Inédita e Dispersa",
Pref., organiz. e notas de Elsa Rodrigues dos Santos,
Edições ALAC - África, Literatura, Arte e Cultura, Lda.,
Lisboa, 1993, p. 103


* Pseudónimo de Jorge Barbosa,
escrito em 1962.

julho 10, 2012

Recordando o Sal



Lembrando Jorge Barbosa,

FOLHA SECA

Folha seca
tiste do outono
desvairado
vento a levou.

E foi subindo
subindo em vertical
pelo espaço
rodopiando.

Mas repentino
parou o vento.
e a folha seca
abandonada

veio pairando
vagarosa e leve
caindo pelo espaço
em espiral.

Deus vebndo-a
desamparada
na lenta
queda rodopiando

Deus compadeceu
e a transformou
em súbita
e ágil andorinha.

Todos os anos
pela primavera
volta de longe
volúvel e breve.

Chega veloz e passa
acrobática roçando
a tarde lírica
da ilha pequena.


Ilha do Sal (1963)