dezembro 30, 2013

Redistribuição do rendimento de capital


 

Lista de variáveis e símbolos:


1        Matérias primas e outros consumos         MP
2        Salários        W
3        Capital circulante (1+2)       Ac

4        Equipamento e out. meios de produção    Af (Qa)
5        Custo dos factores de produção (3+4)       K
                
6        Produção física        Q
7        Volume de emprego (H/A)   N
8        Prazo de reintegração do equipamento     n
9        Prazo de rotação do Fundo de maneio      r
10      Valor residual do equipamento       vr
                  
11      Indicadores de economicidade:     
12      Produtividade do trabalho    Q/N
13      Salário per capita     W/N
14      Intensidade tecnológica       Af/N
15      Economicidade de consumos         MP/Q
                
16      Preço de venda unitário      p
17      Valor total de vendas         V= p.Q
18      Lucro (17-5)   L = V-K
19      Taxa de lucro l = L/V
20      Repartição do rendimento   L/W
               
21      Meios Libertos (Cash-flow):
22      ano 0  -Af-r*Ac
23      anos intermédios      ML=L+Qa
24      último ano     vr*Af+ML+Ac
25      S Cash-flow  (22+23+24)     
                 
26      Taxa interna de rentabilidade        TIR
27      Valor actual da actividade (à taxa x%) VAL
 


Fluxos e rácios económicos:



MP = 480 = 250 + 160 +  70

 W  = 220 = 66 +  88 +  66 

Ac = 700 = 316 + 248 + 136

[Af] Qa = 300 = 170 + 100 +  30

K = 1000 = 486 + 348 + 166                           

Q = 114 = 60 + 38 + 16 
N = 55 = 11 + 22 + 22 
n = 10                      
r  = 1                       
vr = 5%                                              

Q/N = 2,1 --->  5,5; 1,7; 0,7 
W/N  = 4 --->   6; 4; 3 
Af/N  = 5,5 ---> 15,5; 4,5; 1,4 

MP/Q = 4,21 --->  4,17; 4,21; 4,38

                          
P =     10,71  
V = p.Q = 1 221 = 643 + 407 + 171 
L = V-K = 221 = 157 + 59 + 5

 l = L/V = 18,1% ---> 24,4%; 14,5%; 3,2%

L/W = 1,0 ---> 2,4; 0,7; 0,1
                           
CxFlow ano 0 = -Af-r*Ac = -3 700 = -2 016 -1 248 -436
CxFlow ano 1 a 9 = ML = L+Qa = + 521 = + 327 + 159 + 35 
CxFlow ano 10 = vr*Af+ML+Ac = + 1 371 = + 728 + 457 + 186 
CxFlow ano 0 a 10 = + 2 364 = + 1 653 + 641 + 69

 TIR = 9,0% ---> 11,5%; 7,3%; 2,2%
Val à taxa de 6% = 612 ---> 613; 90; -91

dezembro 26, 2013

 
 



















«Júlio sentiu-se humilhado ao reconhecer a prodigiosa inteligência graças à qual o porteiro tomara o seu partido e a habilidade com que achava os meios de o servir. O empenho dos inferiores a sua particular habilidade para comprometer os patrões que se comprometem, já ele os conhecia, o perigo em tê-los como cúmplices no que quer que fosse, já o apreciara; mas não tinha pensado na sua dignidade pessoal senão no momento em que se sentiu tão subitamente aviltado. Que triunfo para o escravo incapaz de se elevar até ao amo é fazer o amo descer até junto dele! Júlio mostrou-se brusco e duro. Mais um erro seu. Mas ele sofria tanto! A sua vida, até aí recta, tão dura, tornava-se tortuosa; e agora via-se obrigado a usar de astúcia, a mentir.»

 

Honoré de Balzac, “Ferragus, Chefe dos Devorantes” (1833)

trad. Paula Reis, in A Comédia Humana, VII Volume

– “Cenas da Vida de Província”, Porto, Livraria

Civilização Editora, 1980, p. 311-12  

dezembro 04, 2013



«O Relatório é na administração actual o que é o limbo no cristianismo. Jacquet conhecia a mania dos relatórios e não esperara por esta ocasião para gemer acerca desse ridículo burocrático. Sabia que após a invasão dos gabinetes pelos relatórios, revolução administrativa consumada em 1804, não havia um ministro que tomasse sobre si a responsabilidade de ter uma opinião, de decidir a menor coisa, sem que essa opinião, esse assunto, tivesse sido joeirado, peneirado, descascado, pelos rabiscadores, pelos «rapadores», e pelas sublimes inteligências dos seus escritórios.

Jacquet (que era um desses homens dignos de ter Plutarco como biógrafo) reconheceu que se tinha enganado acerca da marcha daquele assunto e o tornara impraticável ao tentar proceder legalmente. [ ]

A legalidade constitucional e administrativa não produz fruto algum, é um fruto infecundo para os povos, para os reis e para os interesses privados; mas os povos não sabem soletrar senão os princípios escritos com sangue, ora os infortúnios da legalidade são sempre pacíficos; ela nivela uma nação, eis tudo. Jacquet, homem amante da liberdade, regressou, então, sonhando com as vantagens do arbitrário porque o homem não aprecia as leis senão à luz das suas paixões.»

 

Honoré de Balzac, “Ferragus, Chefe dos Devorantes” (1833)
trad. Paula Reis, in A Comédia Humana, VII Volume
– “Cenas da Vida de Província”, Porto, Livraria
Civilização Editora, 1980, p. 335-36  

dezembro 01, 2013













«Todos que passavam à minha beira iam cheios de uma linguagem tão íntima, tão pessoal, tão intransmissível, que por mais esforços das autoridades, nada se apurava do pensamento momentâneo de cada um.

Eu ouvia as ondas curtas de outros países, com ligeiros ruídos locais, e admirava-me como havia pessoas que tinham paciência para ouvirem diariamente ondas curtas.

São pessoas que percebem meia coisa ou lhes basta para viverem meia palavra. Ouvem mais os ruídos do que os sons e alegram-se a roer apenas a superfície da etimologia.

Fiquei apenas com o meu nome próprio e deixei de ter o apelido, assim podia considerar-me ténue fio de existência perante a exigência dos outros.

Ruben A., O Outro Que Era Eu (1966),
Assírio & Alvim, Lisboa, 1991, p.106.