junho 01, 2009



«A capacidade de fingir impressiona-me mais que a estupidez
ou a doença. Nada mais duro, mais partilhado e eterno
que a falsidade. Os que a dominam são os jogadores
que conduzem o mundo.

Devo dizer que as minhas reticências morais depõem armas perante
o meu fascínio pela sua destreza em fingir que não fingem ,
quando fingem e nada mais fazem que isso, negando sempre.

Porque, no fim de contas, não será a arte de fingir, de mimar,
de macaquear, indispensável ao bebé para se tornar
um ser autónomo, o indivíduo à parte
que todos sonhamos ser?

Fingir faz parte do tornar-se-verdade,
Sabem-no pais e educadores.

O erro — e o horror — começa quando o movimento se bloqueia:
Já não fazem mais nada a não ser fingir,
E não o sabem (os pasmados), ou,
Sabendo, insistem (os cínicos)
(…)»

2 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Deveras interessante. Como, aliás, quase tudo da Julia Kristeva.

Gostei imenso da referência às reticências morais, assim como o remate final com os pasmados e os cínicos.

Uma mente brilhante!

vbm disse...

:) Fingir, imitar
primeiro instinto de aprender :)

Mas isto, aqui, dos blogs,
não será um certo bloqueio,
na arte do simples pasmo
de admirar os outros!?


Hum...

Qualquer dia fecho o blog
ou faço como antigamente,
escrevo uma vez por ano!