junho 17, 2009


Imagem: pesquisa google

Ainda a propósito
da linha do horizonte
em Fernando Pessoa,

«Linha severa da longínqua costa –
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe, a abstracta linha.»



leiamos a geometria táctil
de Henri Bergson,
in Matéria e Memória:

«À medida que o meu horizonte se alarga,
as imagens que me cercam parecem desenhar-se
sobre um fundo mais uniforme e tornarem-se
indiferentes para mim.

Quanto mais contraio esse horizonte, tanto mais
os objectos que ele circunscreve se escalonam
distintamente de acordo com
a maior ou menor
facilidade do meu corpo para tocá-los e movê-los.

Eles devolvem portanto ao meu corpo, como
o faria um espelho, a sua influência eventual;
ordenam-se conforme os poderes crescentes
ou decrescentes do meu corpo.
Os objectos
que cercam o meu corpo reflectem a acção

possível do meu corpo sobre eles.»


:)

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