Estudei muito quando moço. Tive muito mestre eminente. Orgulhei-me, regozijei-me De meus progressos e triunfos. Quando evoco o sábio que eu era, Comparo-o à água, que se amolda à forma do vaso, e à fumaça, Que é dissipada pelo vento.
«Agarro-me a sinais, a formas que me conduzem a outros sinais, a outras formas, fito os passos da minha memória
para fugir ao que me rodeia e que não tem memória. ( )
— Detesta o artifício, não é? Ora bem, aqui tudo é fogo-de-artifício! ( ) Acompanha com uma gargalhada a explosão da rolha.
Como falar com um homem que usa um pseudónimo? Inclino-me a pensar que ele esconde um desconhecido de si mesmo. ( ). Portanto, não respondo, faço-lhe um grande sorriso; a lógica não é decerto terapêutica. Mas talvez corresponda melhor ao mundo em que estamos.»
Volúvel é o silêncio das frases que não adquirem matéria poética por serem quotidianas:
há uma pedra à entrada de cada poema como um aviso
"volte mais tarde, o desejo também se faz de beijos que ficam por dar". Sandra Costa
Dizem-me: «Não bebas mais, Khayyam!» Eu respondo: Quando bebo, ouço o que me dizem as rosas, as túlipas e os jasmins. Escuto mesmo aquilo que não pode dizer-me o meu bem-amado. Omar Khayyam, Rubaiyat
As Cabeças Trocadas - Uma lenda hindu, («Die vertauschten Köpfe» - Eine indische Legende),
cujo primeiro texto da história que resumi e transcrevi, aqui lembro:
Sita, a dos belos quadris...
«A história de Sita, a dos belos quadris, filha de Sumantra, criador de gado, mas de linhagem guerreira, e dos seus dois esposos (se assim podemos dizer) é de tal modo sangrenta e perturbadora para os sentidos, que exige do ouvinte grande energia e firmeza de ânimo para resistir às aterradoras fantasmagorias de Maya.»
Se em teu coração Enxertaste a rosa Do Amor, tua vida Não passou inútil. Quer a voz de Deus Ouvir procurasses, Ou a taça brandisses Sorrindo ao prazer
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 27, 2009
«O cocktail ( ), festa ritual da sociedade intelectual ( )
O salão de recepção e o jardim coberto pela tenda do fornecedor de banquetes são pequenos de mais para conter tanta coisa falsa; as pessoas não estão lado a lado, apertam-se umas contra as outras.
Têm ciúmes e detestam-se ao ponto de fazer sorrisos que significam insolentemente que não significam nada. ( ) Toda a gente se anula numa banalidade sem apetite.»
Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990), Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991
maio 26, 2009
Fecha o teu Corão. Pensa livremente, E encara livremente o Céu e a Terra. Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 25, 2009
Lie to me!
Se lhe obedecesse,
revelar-lhe-ia a verdade;
pelo que desobedeceu.
Logo, disse a verdade.
O paradoxo do mentiroso
ou
A metalinguagem do amor.
«— Tell me something nice. — Sure! What do you want to hear?
— Lie to me! Tell me all these years you've waited me. — All these years I waited you.
— Tell me you would die if I haven´t come back. — I would have died if you hadn´t come back.
— Tell me you still love me like I love you. — I still love you like you love me.
— Thanks.»
maio 24, 2009
Willem de Kooning in Modus Vivendi
Falam da estrada do Conhecimento... Uns dizem tê-la achado, outros procuram-na. Mas um dia uma voz há-de exclamar-lhes: “Não há estrada nenhuma, nem vereda!”
A propósito deste vídeo, a que cheguei através de Bach da Sol, do Branco no Branco, recordo uma antiga homenagem ao ilustre filósofo,
Descartes: Uma singela homenagem.
Neste final de milénio, em que virou moda, com Damásio e outros, denunciar O Erro de Descartes… aqui deixo o meu testemunho juvenil de sincera gratidão àquele que foi o primeiro racionalista europeu.
E lembro um par de manhãs, num café do Porto, já desaparecido , nos idos de cinquenta do século passado, onde, aconchegado por um “pingo bem tirado e uma “mirita torrada” :), compreendi maravilhado toda a demonstrada exposição da geometria analítica plana,
essa absorção da geometria milenar de Euclides pelo simbolismo e análise algébrica, esteio da nova ciência impulsionada por Descartes.
Claro que toda a matemática, por muito abstracta e criativa que seja, pulsa e vibra na própria natureza: assim a definição da posição de um ponto, por meio de um par de números, uma sugestão natural para o homem na sua existência sobre a Terra!
Que o diga, o rapaz de dez anos que fui, em férias de Páscoa no campo: - reencontrar o esconderijo habitual do milheiral :) — invisível ao nível do chão, por a altura das canas ultrapassar a sua própria — tornou-se habilidade mental exacta, ao constatar, do monte, a cova das canas partidas
na “terceira fila do canavial”, e “no segundo poste de granito da vinha”!
E que prazer ter mudado da procura às cegas, para o caminhar certeiro ao lugar do esconderijo! :)
Só nunca “gostei” muito do «penso, logo existo»! Porque, quando tal me acontecia, no limiar da Razão, aos sete-oito anos, na cama a “dormir acordado”, imaginava como seria se não houvesse ninguém nem nada no mundo, «então, eu sozinho, por montes e vales, sem sol nem árvores nem viv'alma»,
«seria assim...», pensava; «logo, seria um horror, tal mundo!»; e «ainda bem que havia pessoas.»
Mas já Espinosa, crítico genial de Descartes, — que não obstante, no Tratado das Paixões da Alma sua última obra, se redime da secura racionalista, embora ‘se perca na glândula pineal’ sob cujo paradigma, em todo caso, Damásio conduz sua pesquisa neurológica — enunciava o seu anti-solipsismo:
«Não existe coisa singular na Natureza que seja mais útil ao homem do que o (seu semelhante) que vive sob a direcção da Razão.»(Ética IV, prop. XXXV, corol. I).
E isto é verdade, mesmo que o exercício da Razão, em condições de liberdade, resulte necessariamente numa racionalidade plural!, cuja tolerância é apanágio dos sábios.
:)
Willem de Kooning in Modus Vivendi
Jamais desejei o manto do engano Mas roubaria por um copo de vinho.
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 21, 2009
«Estou, portanto, mergulhada no horror. Não me queixo, é o meu ofício.
As pessoas pagam-me para serem na minha presença estúpidas e más, abjectas de vez em quando,
tendo como prémio, não menos abjecto mas tocante, de renascerem, de construírem uma vida nova. ( )
Na realidade, parece ser antes o encontro surrealista ( ); disseco as frases-biombo para referenciar a sílaba, a palavra onde se esconde o não-dito; ( )
Sou desejada, amo: pois sim, não é um jogo, não, É uma paixão louca!
No entanto, somos dois, insisto. O meu papel é manter que somos mesmo dois.
Todo este mundo intelectual, literário (…) como se podem escrever romances, e portanto construir falsificações, um mundo como desejamos e não como é, quando todos estamos doentes de mentiras?
Julga-se curar a mentira com uma bela mentira. ( ) Diário íntimo? ( ) Erotomania da mulher que, passados os trinta, exprime pela escrita os seus desejos reprimidos?
Interpretar: dar uma forma que resulta do que escolhi eliminar. Interpretar está, portanto, mais perto de escrever do que se imagina.
( ) O escritor persegue o perseguidor. ( ) O inimigo não tomou forma no exterior; invadiu-me e eu combato-o unicamente pela repulsa.
Repulsa em que estamos ligados, o horror e eu: que é que eu expulso, o horror ou eu?
Nem um nem outro, ambos ao mesmo tempo. Nesta miséria desponta a minha certeza, que pode tornar-se hostil, de ser outra.»
Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990), Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991
maio 20, 2009
Junto da tua bem-amada, Khayyam, estavas tão só! Agora que ela partiu, poderás refugiar-te nela.
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 19, 2009
«Os pormenores do quotidiano, insignificantes, mesquinhos ou horríveis... Sou capaz de imaginar todos os pontos de vista e de representar os papeis correspondentes: ser insignificante, mesquinha, horrível.
Afinal, oiço melhor o que me dizem (ou antes: mais perto do excesso ou da insensatez) quando decido ouvir, na insignificância da murmuração, uma abjecção que exige ser perdoada.
Para quê? Para nos conhecermos, talvez para nos deslocarmos um furo em direcção a outro horror, menos assassino, e assim sucessivamente, isto é,
indefinidamente indiferente e às vezes engraçada.»
:)
Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990), Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991
maio 18, 2009
O nosso universo é um caramanchão de rosas. Os nossos visitantes, as borboletas. Os nossos músicos, os rouxinóis. Quando já não há rosas nem folhas, as estrelas são as minhas rosas e a tua cabeleira a minha floresta. Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 17, 2009
Mon cœur s'ouvre à ta voix comme s'ouvrent les fleurs Aux baisers de l'aurore! Mais, ô mon bien-aimé, pour mieux sécher mes pleurs, Que ta voix parle encore! Dis-moi qu'à Dalila tu reviens pour jamais! Redis à ma tendresse Les serments d'autrefois, ces serments que j'aimais! Ah! réponds à ma tendresse! Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
Ainsi qu'on voit des blés les épis onduler Sous la brise légère, Ainsi frémit mon cœur, prêt à se consoler À ta voix qui m'est chère! La flèche est moins rapide à porter le trépas, Que ne l'est ton amante à voler dans tes bras! Ah! réponds à ma tendresse! Verse-moi, verse-moi l'ivresse!
Camille Saint-Saëns, Samson et Dalila Nota:- Embora o primeiro audio seja de Maria Callas, no segundo, de Guadalupe Pineda, a dicção é mais clara e cristalina. :)
maio 16, 2009
Podes perseguir-me incessante, Ó imagem de outra ventura! Podeis, ó vozes amorosas, Modular os vossos encantos! Olho só para o que escolhi. Só escuto o que já me embalou. Dizem-me: “Deus te perdoará.” Recuso o perdão, que não peço.
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 15, 2009
Francis Picabia, Femme aux oiseaux in blog "poste lunar"
Digo: o amor. Há palavras que parecem sólidas, ao contrário das outras que se desfazem nos dedos. Solidão. Ou ainda: medo. As palavras, podemos escolhê-las, metê-las dentro do poema como se fosse uma caixa. Mas não escondê-las. Elas ficam no ar, invisíveis, como se não precisassem dos sons com que as dizemos.
Agora, o efeito das palavras. A sua rotação na cabeça, e pelas artérias, até ao centro: o coração. Outra palavra com que se diz: o amor. Mas não falo de sinónimos; de resto, há palavras que escondem o contrário do que querem dizer, e só as conhece quem ama, se a vida não o levou por caminhos confusos.
Amo-te. Também podia dizer: a solidão com que te amo, ou o medo de te amar. A partir de uma palavra tudo se pode fazer, numa página, quando o que aí está é um poema. No entanto essas palavras conduzem-me até ti, isto é, fazem-me viver por dentro delas. É por isso que tudo se confunde: o amor, a solidão, o medo, e até a vida, que também é uma palavra.
Nuno Júdice, in Poemas em voz alta
maio 14, 2009
Cansado de interrogar, em vão, os homens e os livros, ...............................eu quis interpelar a ânfora. Pousei os meus lábios sobre os seus e murmurei: Para onde irei quando morrer? A ânfora respondeu: Bebe na minha boca. Bebe longamente. Jamais voltarás aqui.
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 13, 2009
Ahmad Vakili És luz do coração e tranquilidade da alma Propagas a rebelião e a rebelião apagas. Perguntam-nos: do amigo, qual é a prova? Estar sem a prova do amigo, essa é a prova.
op. cit., # 76
maio 12, 2009
Os dedos deslizam, escrevem, e Tendo escrito, continuam; e Nem toda a tua vontade ou espírito Os convencem a voltar Para meia linha retirar, Nem todas as tuas lágrimas Para uma palavra apagar.
Omar Khayyam, Rubaiyat
maio 11, 2009
Mahmoud Farshchian A água da juventude não é mais que uma gota de suor do teu rosto Ó Lua, o universo não é mais que um vestígio da cintilação do teu rosto. Eu dizia que queria uma longa noite de luar Esta noite é a noite da tua cabeleira e o luar é o teu rosto
op.cit., # 65
maio 10, 2009
Ahmad Vakili Que nunca fuja do meu olfacto o teu perfume E nunca dos meus olhos se afaste a tua imagem. Por ti, noite e dia, morro de desejo O desejo segue e a vida foge.
Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat, Tradução e introdução de Adelino Ínsua, Ed. Pedra Formosa, Guimarães, 2002, p. 114
maio 09, 2009
Ali Faramarzi Ontem à noite estive ali e comigo essa figura clemente ... Eu era todo súplica e ela toda carícias. Passou a noite e não acabou a nossa história Não tem culpa a noite: a nossa história era longa. op.cit., # 97
maio 08, 2009
«Rei voraz com o próprio povo, é sobre nulidades que tu reinas.»
«Chamar-me-ia um cobarde e uma nulidade, se tivesse de te ceder naquilo que me ordenas.
A outros dá as tuas ordens, mas não penses mandar em mim. Pois penso nunca mais te obedecer.»
Íliada, 1.231; 93-96
Que saibas que o meu amado de todo oculto está Está para além das imagens de toda a imaginação No meu peito é visível como a lua Está misturado com o corpo, como está a alma.
op.cit., # 80
maio 07, 2009
E por falar em Kafka...
Ein Traum
Sabiam os três. Ela era a companheira de Kafka. Kafka tinha-a sonhado. Sabiam os três. Ele era amigo de Kafka. Kafka tinha-o sonhado. Sabiam os três. A mulher disse ao amigo: «Quero que esta noite me desejes.» Sabiam os três. O homem respondeu-lhe:«Se pecamos, Kafka deixará de nos sonhar.» Um deles soube. Na terra não havia mais ninguém. Kafka disse: «Agora que partiram ambos, fiquei só. Deixarei de me sonhar.»
Jorge Luís Borges, in "A moeda de ferro"
Armond Ayvazian Todos os átomos que estão no ar e no deserto Sabe-lo bem, estão enamorados como nós. E cada átomo, feliz ou desditoso Está aturdido pelo sol do espírito incondicionado.
op.cit., # 17
maio 06, 2009
Eis o texto completo do poema anterior:
EU SOU A VIDA DO MEU AMADO
Que fazer, ó muçulmanos? Pois não me reconheço a mim mesmo. Não sou nem cristão, nem judeu, nem guebro, nem muçulmano; não sou nem do Oriente, nem do Ocidente, nem da terra, nem do mar; não provenho da natureza, nem dos céus em sua revolução. Não sou de terra, nem de água, nem de ar, nem de fogo; não sou do empíreo, nem da poeira; tão-pouco da existência ou do ser. Não sou da Índia, nem da China, da Bulgária ou de Saqseen; não sou do reino do Iraque nem de Khorasan. Não sou deste mundo, nem do outro, nem do paraíso nem do inferno; não sou nem de Adão, nem de Eva, nem do Éden nem de Rizwan. O meu lugar é não ter lugar, o meu rastro é não ter rastro; não sou nem o corpo nem a alma, pois eu sou a vida do meu Amado. Renunciei à dualidade, vi que os dois mundos são um; Um só eu procuro, Um só eu sei, Um só eu vejo, Um só eu chamo. Ele é o primeiro, Ele é o último, Ele é o Manifesto, Ele é o Escondido; não conheço nenhum outro senão “ó Ele” e “ó Ele que é!” Estou inebriado da taça do amor, não quero saber dos dois mundos; não tenho outro fim senão a embriaguez e o êxtase. Se passei um só instante da minha vida sem Ti, desse momento e dessa hora eu me arrependo. Se obtiver neste mundo um único momento contigo, calcarei aos pés os dois mundos, Dançarei em triunfo para todo o sempre. Ó Shams de Tabriz: estou tão ébrio deste mundo que nada mais sei senão embriaguez e arroubos.
Mahnaz Ahmadi
Interessante que esta artista persa, uma mulher bela, justamente evoque a beleza inumana desta paisagem planetária que se avera co-possível e compatível com a nossa existência de viventes humanos...
Emociona-me, o contraste.
:)
Poster persa in Modus Vivendi
«Não sou deste mundo, nem do outro, nem do paraíso nem .............................................................................do inferno; O meu lugar é não ter lugar, o meu rastro é não ter rastro; [...]
Renunciei à dualidade, vi que os dois mundos são um; [...] Estou inebriado da taça do amor, não quero saber dos dois mundos; não tenho outro fim senão a embriaguez e o êxtase. [...]
Se obtiver neste mundo um único momento contigo, calcarei aos pés os dois mundos, Dançarei em triunfo para todo o sempre.»
Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat
maio 05, 2009
Pierre Marcour, Dessin erotique
«Disse à noite: “Como tens fé na Lua A tua fugaz passagem deve-se à sua inconstância”. A noite olhou-me e assim se desculpou: “Que culpa tenho se o amor não acaba?”»
Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat, Trad. e introd. de Adelino Ínsua,
Ed. Pedra Formosa, Guimarães, 2002, # 87
maio 04, 2009
O teu amor devastou a tal ponto o meu coração Que tudo o que lhe é estranho se consumiu. Esquecendo a razão, as lições, os livros Entrega-se à poesia, às odes, aos quartetos. Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat, # 23
maio 03, 2009
Imagem in Modus Vivendi Do amor em looping
Picasso Sabe, canção, que porque não vejo engano com palavras o meu desejo.
(Camões)
maio 02, 2009
Thomas Anshutzin Modus Vivendi Procurei-te em vão pela terra, perto do céu, por sobre o mar. Se não chegas nem pelo sonho, por que insisto em te imaginar? Cecília Meirelles
maio 01, 2009
A viração da primavera Refresca as pétalas das rosas, E na sombra azul do jardim Beija as faces da minha amada. Apesar da felicidade Que gozamos outrora, esqueço O passado. A doçura de hoje Ó, querida, é tão imperiosa!