Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas! Não me falem em moral! Tirem-me daqui a metafísica! Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) - Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica. Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo. Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável? Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa? Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência! Vão para o diabo sem mim, Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço! Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho. Já disse que sou sozinho! Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!
O céu azul - o mesmo da minha infância - Eterna verdade vazia e perfeita! Ó macio Tejo ancestral e mudo, Pequena verdade onde o céu se reflecte! Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje! Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo... E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
Ninguém tanto quanto Sócrates desprezou a escrita, por falaz instrumento, disse-nos. Porque nos faria esquecer o mundo, memorizado até ao fascínio, pelos olhos e pela fala. Mas eu amo-o, porque no Fedro o seu pensamento teve medo de perder a realidade, se a muda mão duplicasse mesquinha o esplendor dos dentes, da língua, do palato. Se o silêncio, que sempre colocámos por detrás das órbitas, se esvaziasse dos sons e das figuras que o preenchem.
(fiama hasse pais brandão)
:))
Belíssimo poema! Admirável advertência!
Que a escrita não nos faça «esquecer o mundo», nem a internet o esplendor dos sentidos.
julho 29, 2009
A propósito de Musil, este excerto:
«- Porque não escreve um livro acerca das suas concepções? - Mas como quer que eu escreva um livro? Sou filho de uma mulher e não de um tinteiro!»
Gratificante, a memória desenrolada por garrett, platão e sófocles
COM AS PERSONAGENS
Sei que as minhas palavras neste texto são as tuas, o que é literal e simultaneamente simbólico. Assim o real é ambíguo. Sei que a tua voz é o meu Rosto, o que é ambíguo e acessoriamente irreal. No vale de santarém ~ as silhuetas comutavam com as viagens na minha terra, e nesse estado de espírito em que indo em um comboio ele passava porém perante os meus olhos porque eu, nele, convocara o meu primordial desejo de um comboio, regressei contigo a um ponto fixo. Soluçamos de noite e eu revi o que está condenado à minha morte desde o início.
Hémon, o amante de antígona, bate na pedra dura à superfície. Nada abre a caverna do inverno sobretudo quando é um domícilo, ou um regresso ao pensamento extinto como o foi o exílio de antígona no subterrâneo. Foi esse o acto político de creonte, ou o acto filosófico de sófocles: dar em figura a antígona o que não era a letra de platão. Como se vê e não se vê. Que o não ver é regredir para o âmago, não ser e não estar no vale de santarém, com as personagens.
Um só ramo me faria dizer que a água está presente, que na minha vida algures há um quadrilátero em volta do reflexo.
(fiama hasse pais brandão)
julho 25, 2009
O Fado nasceu um dia, quando o vento mal bulia e o céu o mar prolongava na amurada dum veleiro, no peito dum marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava.
Ai, que lindeza tamanha, meu chão , meu monte, meu vale, de folhas, flores, frutas de oiro, vê se vês terras de Espanha, areias de Portugal, olhar ceguinho de choro.
Na boca dum marinheiro do frágil barco veleiro, morrendo a canção magoada, diz o pungir dos desejos do lábio a queimar de beijos que beija o ar, e mais nada, que beija o ar, e mais nada.
Mãe, adeus. Adeus, Maria. Guarda bem no teu sentido que aqui te faço uma jura: que ou te levo à sacristia, ou foi Deus que foi servido dar-me no mar sepultura.
Ora eis que embora outro dia, quando o vento nem bulia e o céu o mar prolongava, à proa de outro velero velava outro marinheiro que, estando triste, cantava, que, estando triste, cantava.
Aquele espaço que se repartia em estreitas ruas ocasionais depois de o conhecermos melhor do que os visitantes e mais do que todas as personagens era nosso. Sei que havia galáxias semelhantes. Intensa atracção longínqua que nos guiava desde o princípio da vida em que pisávamos com os pés o empedrado dessas ruas fantasiosas do bairro campestre e doméstico.
Interessante o gráfico de Krugman sobre a comparação da crise com e sem intervenção do Estado no apoio ao investimento e ao consumo.
A diferença é explicada aqui, no blog "O valor das ideias".
Mas continuo perplexo com a incompletude de análise económico-política que abstraia da notável percepção que a queda da produção traduz bens e serviços que ninguém quer
porque não servem para nada!
Sair da situação de desemprego, sub-emprego, emprego desqualificado, passa substancialmente por afectar recursos a produções e a serviços com interesse, obviamente desejados e procurados.
Por isso, choca-me não conseguir distinguir se as iniciatvas do plano tecnológico, da produção de energia renovável, e da informatização em massa são deveras impulsionadoras de desenvolvimento ou mera propaganda partidária!
Quando te procurei Estaria por acaso a verdade à minha espera? O amor ocorre num espaço flutuante Num exíguo lugar-nenhum E o sonho é matéria incerta Mestre na arte da fuga
Écoutez La Liberté des Mers par Gérard Pierron (Cliquez l'image) (CD selecionado por Nuno Rogeiro no programa "Sociedade das Nações")
Tony Bennett, It Had To Be You
It had to be you It had to be you I wandered around And finally found Somebody who Could make me be true Could make me be blue. Or even be glad Just to be sad Thinking of you.
Some others I've seen, Might never mean. Might never be cross, Or try to be boss, But they wouldn't do. For nobody else gave me a thrill, With all your faults I love you still. It had to be you, wonderful you, It had to be you.
Cheira a alfazema, gardénias, lírios, neste jardim em que por momentos estaremos, e os aromas embebem-se-nos no corpo como se fôssemos cegos amantes que o ventre impelisse uns para os outros.
(fiama hasse pais brandão)
julho 17, 2009
Vivaldi, L'inverno (RV 297)
Requiem por mim
Aproxima-se o fim. E tenho pena de acabar assim. Em vez de natureza consumada, Ruína humana. Inválido do corpo E tolhido da alma. Morto em todos os orgãos e sentidos. Longo foi o caminho e desmedidos Os sonhos que nele tive. Mas ninguém vive Contra as leis do destino. E o destino não quis Que eu me cumprisse como porfiei, E caisse de pé, num desafio. Rio feliz a ir de encontro ao mar Desaguar, E, em largo oceano, eternizar O seu esplendor torrencial de rio.
Miguel Torga, Diário XVI
julho 16, 2009
The shadow of your smile When you are gone Will color all my dreams And light the dawn Look into my eyes, my love, and see All the lovely things you are to me A wistful little star Was far too high A tear drop kissed your lips and so did I Now when I remember spring All the joy that love can bring I will be remembering The shadow of your smile Now when I remember spring All the love that joy can bring I will be remembering The shadow of your smile...
Viveu na Pérsia de 1048 a 1123. Homem de grande cultura e sabedoria: matemático, geómetra, astrónomo e poeta. Foi discípulo de Avicena. Na juventude, escreveu tratados de geometria e álgebra, resolvendo equações de 3º grau.
Conta-se que na sua juventude três companheiros de escola: Nizam Al-Mulk, Hassan Ibn Sabbah e Omar Khayyam fizeram um pacto: o que obtivesse primeiro uma posição de relevo ajudaria os outros. Nizam destacou-se primeiro, como secretário do sultão Alp Arslan. Cumpriu o pacto; deu a Hassan um posto administrativo e atendeu o desejo de Omar: uma pensão vitalícia que lhe permitisse estudar, escrever e levar uma vida sossegada num jardim de delícias terrenas…
Obtida a pensão Omar Khayyam «retira-se para a cidade natal e dedica-se à astronomia, à matemática, à filosofia, à poesia e à amizade, quer dizer ao ócio, tal como Aristóteles entendia a «diagogé»-«ocupação e gozo intelectual e estético como compete ao homem livre».
Mas, Hassan não ficou satisfeito com 'a pouca categoria do cargo' que Nizan lhe deu e rebelou-se, refugiando-se nas montanhas onde desenvolveu uma luta «terrorista» contra as autoridades, originando a terrível seita dos «HASSASSIN» - de onde provém a palavra ocidenta «assassino», dada a técnica do atentado mortal por eles seguida.
Nizam morre assassinado. Os inimigos religiosos de Omar Khayyam sempre o quiseram comprometer como herege e não respeitador dos dogmas da religião muçulmana, tentando ligá-lo a episódios comprometedores.
Na Pérsia Islâmica havia três religiões: o Judaísmo, o Cristianismo e o Zoroastrismo. A cultura de Omar era tocada de todas estas influências a que se sobrepunha uma segura base racional e crítica de origem grega, obtida nos ensinamentos do seu mestre Avicena. Tal cultura torná-lo-ia herético, mas não menos Persa.
A fama ocidental de Omar Khayyam como poeta do vinho é redutora do significado filosófico da sua posição quer como cientista quer como poeta. A sua inquietação poética provém de uma verificação irrecusável: a brevidade da vida humana e a ausência de respostas às perguntas que formula. Daí a valorização de tudo o que possa atenuar o sofrimento ou produzir o prazer. A poesia de Omar Khayyam deve ser lida numa perspectiva em que viver e filosofar têm um só sentido: obter a perenidade do momento que passa:
«Jamais desejei o manto do engano Mas roubaria por um copo de vinho»
[ Transcrição livre do prefácio de E.M. de Melo e Castro, Rubaiyat, ed. Estampa,1990]
A propósito dos 220 anos do 14 Juillet, três hinos
Hino da França (La Marseillaise)
1 Avante, filhos da Pátria, O dia da Glória chegou. O estandarte ensangüentado da tirania Contra nós se levanta. Ouvis nos campos rugirem Esses ferozes soldados? Vêm eles até nós Degolar nossos filhos, nossas mulheres. Às armas cidadãos! Formai vossos batalhões! Marchemos, marchemos! Nossa terra do sangue impuro se saciará!
2 O que deseja essa horda de escravos de traidores, de reis conjurados? Para quem (são) esses ignóbeis entraves Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis) Franceses! Para vocês, ah! Que ultraje! Que élan deve ele suscitar! Somos nós que se ousa criticar Sobre voltar à antiga escravidão!
3 Que! Essas multidões estrangeiras Fariam a lei em nossos lares! Que! As falanges mercenárias Arrasariam nossos fiéis guerreiros (bis) Grande Deus! Por mãos acorrentadas Nossas frontes sob o jugo se curvariam E déspotas vis tornar-se-iam Mestres de nossos destinos!
4 Estremeçam, tiranos! E vocês pérfidos, Injúria de todos os partidos, Tremei! Seus projetos parricidas Vão enfim receber seu preço! (bis) Somos todos soldados para combatê-los, Se nossos jovens heróis caem, A França outros produz Contra vocês, totalmente prontos para combatê-los!
5 Franceses, em guerreiros magnânimos, Levem/ carreguem ou suspendam seus tiros! Poupem essas tristes vítimas, que contra vocês se armam a contragosto. (bis) Mas esses déspotas sanguinários Mas esses cúmplices de Bouillé, Todos esses tigres que, sem piedade, Rasgam o seio de suas mães!...
6 Entraremos na batalha Quando nossos antecessores não mais lá estarão. Lá encontraremos suas marcas E o traço de suas virtudes. (bis) Bem menos ciumentos de suas sepulturas Teremos o sublime orgulho De vingá-los ou de segui-los.
7 Amor Sagrado pela Pátria Conduza, sustente nossos braços vingativos. Liberdade, querida liberdade Combata com teus defensores! Sob nossas bandeiras, que a vitória Chegue logo às tuas vozes viris! Que teus inimigos agonizantes Vejam teu triunfo e nossa glória
Allons enfants de la Patrie, Le jour de gloire est arrivé Contre nous de la tyrannie L'étendard sanglant est levé. L'étendard sanglant est levé: Entendez-vous dans les campagnes Mugir ces féroces soldats! Ils viennent jusque dans vos bras Égorger vos fils et vos compagnes. Aux armes citoyens, Formez vos bataillons. Marchons! Marchons! Qu'un sang impur Abreuve nos sillons Que veut cette horde d'esclaves De traîtres, de rois conjurés? Pour qui ces ignobles entraves Ces fers dès longtemps préparés Ces fers dès longtemps préparés Français, pour nous, Ah quel outrage Quel transport il doit exciter! C'est nous qu'on ose méditer De rendre à l'antique esclavage Quoi! Des cohortes étrangères Feraient la loi dans nos foyers! Quoi! Ces phalanges mercenaires Terrasseraient nos fiers guerriers. Terrasseraient nos fiers guerriers. Grand Dieu! Par des mains enchaînées Nos fronts, sous le joug, se ploieraient. De vils despotes deviendraient Les maîtres de nos destinées Tremblez tyrans, et vous perfides L'opprobe de tous les partis. Tremblez, vos projets parricides Vont enfin recevoir leur prix! Vont enfin recevoir leur prix! Tout est soldat pour vous combattre. S'ils tombent nos jeunes héros, La terre en produit de nouveaux Contre vous, tous prêts à se battre Français en guerriers magnanimes Portez ou retenez vos coups. Épargnez ces tristes victimes A regrets s'armant contre nous! A regrets s'armant contre nous! Mais ce despote sanguinaire Mais les complices de Bouillé Tous les tigres qui sans pitié Déchirent le sein de leur mère! Amour Sacré de la Patrie Conduis, soutiens nos braves vengeurs. Liberté, Liberté chérie Combats avec tes défenseurs Combats avec tes défenseurs Sous nos drapeaux, que la victoire Accoure à tes mâles accents Que tes ennemis expirants Voient ton triomphe et nous, notre gloire (« Couplet des enfants ») Nous entrerons dans la carrière Quand nos aînés n'y seront plus Nous y trouverons leur poussière Et la trace de leur vertus! Et la trace de leur vertus! Bien moins jaloux de leur survivre Que de partager leur cercueil. Nous aurons le sublime orgueil De les venger ou de les suivre Aux armes citoyens, Formez vos bataillons. Marchons! Marchons! Qu'un sang impur Abreuve nos sillons
A Internacional
De pé, ó vitimas da fome! De pé, famélicos da terra! Da idéia a chama já consome A crosta bruta que a soterra. Cortai o mal bem pelo fundo! De pé, de pé, não mais senhores! Se nada somos neste mundo, Sejamos tudo, oh produtores!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Senhores, patrões, chefes supremos, Nada esperamos de nenhum! Sejamos nós que conquistemos A terra mãe livre e comum! Para não ter protestos vãos, Para sair desse antro estreito, Façamos nós por nossas mãos Tudo o que a nós diz respeito!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Crime de rico a lei cobre, O Estado esmaga o oprimido. Não há direitos para o pobre, Ao rico tudo é permitido. À opressão não mais sujeitos! Somos iguais todos os seres. Não mais deveres sem direitos, Não mais direitos sem deveres!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Abomináveis na grandeza, Os reis da mina e da fornalha Edificaram a riqueza Sobre o suor de quem trabalha! Todo o produto de quem sua A corja rica o recolheu. Querendo que ela o restitua, O povo só quer o que é seu!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Nós fomos de fumo embriagados, Paz entre nós, guerra aos senhores! Façamos greve de soldados! Somos irmãos, trabalhadores! Se a raça vil, cheia de galas, Nos quer à força canibais, Logo verá que as nossas balas São para os nossos generais!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Pois somos do povo os ativos Trabalhador forte e fecundo. Pertence a Terra aos produtivos; Ó parasitas deixai o mundo Ó parasitas que te nutres Do nosso sangue a gotejar, Se nos faltarem os abutres Não deixa o sol de fulgurar!
Bem unido façamos, Nesta luta final, Uma terra sem amos A Internacional
Debout , les damnés de la terre Debout , les forçats de la faim La raison tonne en son cratère , C'est l'éruption de la faim. Du passé faisons table rase , Foule esclave , debout , debout Le monde va changer de base , Nous ne sommes rien , soyons tout. C'est la lutte finale ; Groupons nous et demain L'Internationnale Sera le genre humain. Il n'est pas de sauveurs suprêmes Ni Dieu , ni César , ni Tribun , Producteurs , sauvons-nous nous-mêmes Décrètons le salut commun . Pour que le voleur rende gorge , Pour tirer l'esprit du cachot , Souflons nous-même notre force , Battons du fer tant qu'il est chaud. L'Etat comprime et la Loi triche , L'impôt saigne le malheureux ; Nul devoir ne s'impose au riche ; Le droit du pauvre est un mot creux C'est assez languir en tutelle , L'Egalité veut d'autres lois ; " Pas de droits sans devoirs , dit-elle Egaux pas de devoirs sans droits ". Hideux dans leur apothéose , Les rois de la mine et du rail Ont-ils jamais fait autre chose Que dévaliser le travail ? Dans les coffres-forts de la banque Ce qu'il a crée s'est fondu , En décrétant qu'on le lui rende , Le peuple ne veut que son dû. Les rois nous saoûlaient de fumée , Paix entre nous , guerre aux Tyrans Appliquons la grève aux armées , Crosse en l'air et rompons les rangs ! S'ils s'obstinent ces cannibales A faire de nous des héros , Ils sauront bientôt que nos balles Sont pour nos propres généraux. Ouvriers , paysans , nous sommes Le grand parti des travailleurs , La terre n'appartient qu'aux hommes, L'oisif ira loger ailleurs . Combien de nos chairs se repaissent ! Mais si les corbeaux , les vautours , Un de ces matins disparaissent , Le soleil brillera toujours.
A Portuguesa
Heróis do mar, nobre povo, Nação valente, imortal, Levantai hoje de novo O esplendor de Portugal! Entre as brumas da memória, Ó Pátria sente-se a voz Dos teus egrégios avós, Que há-de guiar-te à vitória!
Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!
Desfralda a invicta Bandeira, À luz viva do teu céu! Brade a Europa à terra inteira: Portugal não pereceu Beija o solo teu jucundo O Oceano, a rugir d'amor, E teu braço vencedor Deu mundos novos ao Mundo!
Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!
Saudai o Sol que desponta Sobre um ridente porvir, Seja o eco de uma afronta O sinal do ressurgir. Raios dessa aurora forte São como beijos de mãe, Que nos guardam, nos sustêm, Contra as injúrias da sorte.
Às armas, às armas! Sobre a terra, sobre o mar, Às armas, às armas! Pela Pátria lutar Contra os canhões marchar, marchar!
Escuta o que a Sabedoria Está dizer-te o dia inteiro: “Nada tens de comum com as plantas, Que rebrotam quando podadas.” Nenhum proveito trouxe ao Universo o meu Nascimento. Não o mudará na imensidade Nem no esplendor a minha morte. Quem me explica Porque vim a este mundo e hei-de um dia ir-me embora?
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 12, 2009
Gota de água que cai e se perde no mar, Grão de poeira que se funde na terra. O que significa a nossa passagem neste mundo? Um vil insecto apareceu, depois desapareceu.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 11, 2009
Nada, eles nada sabem, nada querem saber. Repara nestes ignorantes, eles dominam o mundo. Se não te lhes juntas, chamam-te incréu. Não lhes ligues, Khayyam, segue o teu caminho.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 10, 2009
Perguntas-me donde vem o nosso sopro de vida. Se me coubesse resumir uma mui longa história, Eu diria que ele surge do fundo do oceano, E depois de súbito o oceano o engole de novo. Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 09, 2009
Rabi Khan, Moment Before the Kiss
De súbito, o Céu furta-te o próprio instante De que precisas para humedecer os lábios.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 08, 2009
Victor Meirelles, Moema, 1866.
Ergue-te, temos a eternidade para dormir!
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 07, 2009
O que restará amanhã dos escritos dos sábios? Só o mal que eles disseram dos que os precederam. Tal é a lei da ciência; a poesia não conhece semelhante lei, ela nunca nega o que a precedeu e nunca é negada pelo que a segue, ela atravessa os séculos na maior quietude. É por isso que eu escrevo os meus rubaiyat.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 06, 2009
Sobre a Terra variegada caminha um homem, Nem rico nem pobre, nem crente nem infiel, Ele não corteja verdade alguma, Não venera nenhuma lei… Sobre a Terra variegada, Quem é este homem bom e triste?
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 05, 2009
De quando em vez um homem ergue-se neste mundo, Estadeia a sua fortuna e proclama: sou eu! A sua glória vive o espaço de um sonho falido, Já a morte se ergue e proclama: sou eu!
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 04, 2009
Sabes o que me fascina nas ciências? É o facto de aí encontrar a poesia suprema: com a matemática, a embriagante vertigem dos números; com a astronomia, o enigmático murmúrio do Universo. Mas, por favor, não me venham falar de verdade!
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 03, 2009
A vida é como um incêndio. Chamas que o passante olvida, Cinzas que o vento dispersa, Um homem viveu.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 02, 2009
O vinho te dará calor; das neves Do passado e das brumas do futuro Te aliviará; te inundará de luz; Teus ferros quebrará de prisioneiro.
Omar Khayyam, Rubaiyat
julho 01, 2009
Que homem jamais transgrediu a Tua Lei, diz-me! Uma vida sem pecado, que gosto tem ela, diz-me! Se punes pelo mal o mal que eu fiz, Qual é a diferença entre Ti e mim, diz-me!