julho 28, 2009

fiama hasse pais brandão

Gratificante, a memória desenrolada
por garrett, platão e sófocles



COM AS PERSONAGENS

Sei que as minhas palavras neste texto são as tuas, o que é literal
e simultaneamente simbólico. Assim o real é ambíguo.
Sei que a tua voz é o meu Rosto, o que é ambíguo
e acessoriamente irreal. No vale de santarém ~
as silhuetas comutavam com as viagens
na minha terra, e nesse estado de espírito
em que indo em um comboio
ele passava porém perante os meus olhos
porque eu, nele, convocara o meu primordial desejo de um comboio,
regressei contigo a um ponto fixo. Soluçamos de noite e eu revi
o que está condenado à minha morte desde o início.

Hémon, o amante de antígona, bate na pedra dura à superfície.
Nada abre a caverna do inverno sobretudo quando
é um domícilo, ou um regresso ao pensamento extinto
como o foi o exílio de antígona no subterrâneo.
Foi esse o acto político de creonte,
ou o acto filosófico de sófocles:
dar em figura a antígona o que não era a letra de platão.
Como se vê e não se vê. Que o não ver é regredir para o âmago,
não ser e não estar no vale de santarém, com as personagens.

(fiama hasse pais brandão)

Sem comentários: