Vivaldi, L'inverno (RV 297)
Requiem por mim
Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim.
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os orgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caisse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.
Miguel Torga, Diário XVI
4 comentários:
Também gosto muito do M. Torga.
:))
É uma poesia lapidar!
Vasco,
Este é ainda o Torga que corta a direito... rude e de uma lucidez que chega a ser assustadora.
E, estou de volta, meu amigo... espero que de vez.
Um abraço
Bem vinda, Meg!
:)
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