«Seleccionar os livros. Não acreditar no reclamo interesseiro nem no chamariz dos títulos. Ter conselheiros dedicados e sabedores. Dessedentar-se só nas fontes. Freqüentar apenas o escol dos pensadores. O que nem sempre é possível em matéria de relações pessoais, é fácil, e convém aproveitar, em matéria de leituras. Admirar de alma e coração o que merece ser admirado, sem contudo prodigar a admiração. Desdenhar das obras mal feitas.
Ler só obras de primeira mão, onde brilham as ideias-mestras. Ora estas são pouco numerosas. Os livros repetem-se, diluem-se, ou então contradizem-se, o que é outra maneira de se repetirem. [ ] A maior parte dos escritores são apenas editores; é já alguma coisa. Voltemos, porém, ao asuunto.
Haveis de ler, sem prevenção, o que se escreve de bem; lereis os autores modernos, e tanto mais quanto precisardes de informações, de noções positivas em evolução ou em crescimento; [ ].
Em seguida deveis seleccionar nos livros. Nem tudo é igual. Nem por isso haveis de assumir a atitude de juíz; [ ]. Mas sois homem livre, permaneceis responsável [ ].
Além disso, lembrai-vos que até certo ponto um livro vale o que vós valeis, e o que o fizerdes valer. [ ] Escolhei o melhor que puderdes; mas procurai que tudo seja bom, largo, aberto ao bem, prudente e progressivo.»
A.-D. Sertillanges, A Vida Intelectual —
Espírito, Condições, Métodos (1920), Trad. e Pref.
A. Pinto de Carvalho, Arménio Amado-Editor,
Coimbra, 1941. p.133-5.
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