abril 13, 2013



Pós-escrito: — Têm todos os universais exemplos
ou haverá universais não exemplificados?

Os realistas dividem-se quanto à resposta a dar a esta questão (Q)

(Q) há universais que não são exemplificados (E) por nada? 

$P ( Universal P Ù Ø $x   x E P)?    

O realismo platónico responde que sim:
há propriedades universais que não são exemplificadas por nenhuma coisa­:

$P (Universal P Ù Ø $x  x E P).

O realismo aristotélico responde que não:
toda a propriedade universal é exemplificada, pelo menos, por uma coisa:

"P (Universal P ® $ x  x E P)

Note-se que é comum às duas correntes do realismo
admitir a existência de universais: $P  Universal P.

E, também, o próprio predicado E = “é exemplificado por
deve ser interpretado num sentido intemporal, i.e., no sentido de ter sido (passado) ou estar a ser (presente) ou vir a ser (futuro) exemplificado.-


Um argumento a favor do realismo platónico é o da perfeição. Nenhuma figura ou forma ou qualquer facto empírico é a expressão perfeita das propriedades que exprime; logo, os universais são necessários porque só com eles os particulares exemplificados podem ser explicados.

Contudo, poderá replicar-se que, pelo menos, em alguns casos, haverá particulares perfeitos. Ora, é bem possível: o próprio Platão, o primeiro filósofo que de algum modo abordou a questão de estética na cultura ocidental, admitia que o belo sensível era uma expressão directa do Bem Supremo no mundo das sombras dos sentidos! :))

Outro argumento a favor do realismo platónico é o de que, propriedades e relações não exemplificadas, podem ser indispensáveis do ponto de vista da explicação causal, científica. Aliás, como mostrou Hume e Quine, o nexo causal entre dois acontecimentos, não sendo nem uma necessidade lógica, nem uma relação observável intrinsecamente, é sempre uma relação abstracta que obtém satisfação na conjunção constante observada do par ordenado causa-efeito.

No plano realista, a liberdade conceptual de inventar objectos abstractos, numa operatória simbólica prévia, e subtraída com sobriedade aos constrangimentos empíricos é, na minha opinião, uma condição de criatividade e investigação, de experiência de pensamento, qualitativamente superior às limitações do realismo aristotélico, e como tal, preferível.

(Reflexão pessoal na base de uma lição
do Prof. João Branquinho sobre
Tópicos de Metafísica )

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