«É a Eisenstein [ ] que devemos os primeiros tratados magistrais sobre a forma e a significação no cinema nos quais demonstra a importância da montagem na produção cinematográfica e, consequentemente, em qualquer produção significante. O cinema não copia de um modo «objectivo», naturalista ou contínuo uma realidade que lhe é proposta: corta sequências, isola planos, e recombina-os através de nova montagem. O cinema não reproduz coisas: manipula-as, organiza-as, estrutura-as. E só na nova estrutura obtida pela montagem dos elementos é que estes ganham um sentido. Este princípio de montagem, ou melhor da junção de elementos isolados, semelhantes ou contraditórios, e cujo choque provoca uma significação que eles não têm em si mesmos, foi Eisenstein encontrá-lo na escrita hieroglífica. [ ] Segundo ele, o filme deve ser um texto hieroglífico em que cada elemento isolado só tem sentido na combinatória contextual e em função do seu lugar na estrutura.»
Julia Kristeva, História da Linguagem,
(«Le langage, cet inconnu», 1969),
Lisboa, Edições 70, 1988,
pp.360-61
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