fevereiro 20, 2013


«A certa altura, apesar da chuva e da pressa, da violência da escuridão a desdobrar-se sem fim e da confusão do percurso, apeteceu-me sair da auto-estrada, meter por uma via secundária, percorrer sítios onde fosse forçado a abrandar e a olhar, sem a hipnose forçada das faixas brancas no alcatrão, mesmo sabendo que, de noite, pouco ou nada poderia avistar, mas precisava de ter consciência de que havia árvores nas bermas, de que atravessava povoações adormecidas, [ ] para depois ainda, voltar a sentir-me completamente só nessa luta contra os elementos como num corpo a corpo contra o tempo e o espaço e o próprio destino.»

Vasco Graça Moura, Meu amor, era de noite,
Quetzal Editores, Lisboa/ 2001, p.69

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