outubro 17, 2012


(continuação 16)

«A lei dialéctica de Fichte, com as suas três fases de tese, antítese e síntese, domina a cronologia de Hegel muito mais do que as categorias de quantidade, qualidade e relação.

Toda a perplexidade pensante se interroga sobre se os contrários foram postos antes do movimento, se os seres naturais e artificiais, ou históricos, estão realmente subordinados a essa tríade inflexível, ou se a transposição e conversão dos relativos em opostos e contrários não passa de ficção útil, mas inconforme com a descrição sincera do devir empírico e acidental.

A dúvida leva a perguntar se as alterações da mesma essência serão acidentes ou aparências, porque da alternativa depende o problema da substância.

A intelecção do movimento não é possível sem a consideração do móvel nas determinações de tempo e de espaço. O movimento é a noção primitiva, de que todas as outras parecem derivadas.

Assim, contrariamente à doutrina subjectivista de Kant, o espaço e o tempo, determinações objectivas, hão-de ser restituídas ao quadro das categorias, conforme a tradição aristotélica. Acontece, porém, que a sucessão e a localização, susceptíveis de medida, estão ocultas ou resumidas na categoria de quantidade.»

(continua)

Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.108-9.

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