outubro 11, 2012


(continuação 14)

«Correspondendo, assim, ao pessimismo dos homens que se encontram na crise da adolescência, idade que as exigências dos sociólogos prolongam para além do que seria normal e natural, a dialéctica moderna seduz e atrai quantos pensam em negação àquela realidade desconhecida, ou ainda não conhecida, que os espera na adulta idade.

Entre as leis do agir e as leis do pensar, inerentes e coerentes no conceito da Antiguidade, foi efectuada modernamente uma disjunção que tudo corrompe e que a dialéctica interpreta satisfatoriamente.

Ao adolescente afigura-se-lhe que toda a determinação é negação, segundo o célebre aforismo de Espinosa, que necessariamente conclui pela substância unitarista.

Enquanto lhe for vedado atingir a idade adulta, não entenderá o homem que a geração tem por finalidade o conceito, e que a determinação é, sem dúvida, o aspecto fenomenal da criação.

Entre o indicativo do ser e o imperativo do dever, existem os modos irreais ou ideais da arte, cujo verbo existe para completar, aperfeiçoar e redimir a natureza.»


Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.105-6.

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