outubro 05, 2012


(continuação 12)

«O mundo das aparências, ou do que aparece à nossa sensitividade [ ] é um mundo subjectivo [ ] mas universalmente submetido pela actividade judicativa aos conceitos puros do intelecto. [ ] [a] tábua das categorias [ ] parece ter sido apenas constituída para facilitar a tarefa de coordenar e subordinar os fenómenos segundo leis e princípios. A tábua das categorias marca o limite da inquietação. Que não é possivel deslocar a fronteira establelcida entre os fenómenos e os númenos [ ]

A categoria da modalidade adverte-nos, porém, de que o propósito de Kant consistiu em estabelecer para a ética, a moral e a política, uma normatividade científica de grau superior ao da clássica retórica de Aristóteles, Cícero e Quintiliano. Ao modo indicativo do ser sobrepõe-se o modo imperativo do dever ser.

A liberdade humana, já diminuída em seus aspectos cognoscitivos, haveria de ser ainda limitada pela ciência do bem e do mal, segundo o quadro das categorias morais que aparece publicado na Crítica da Razão Prática. O imperativismo torna-se imperialista em consequência das suas pretensões universais, mudando o sinal teórico para sinal prático à inquietação humana, que utiliza a máquina, a mnemónica e a memória.»

(continua)

Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.103-4.

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