outubro 01, 2012


(continuação 10)

«Convém notar que a doutrina exposta no primeiro livro do Organon está demasiado referida aos problemas de gramática, retórica e dialéctica, pelo que se nos afigura demasiado contaminada por assuntos triviais. Se lermos, porém, os livros científicos de Aristóteles, nomeadamente a Física, veremos já a redução das categorias ao número conveniente para o objecto de estudo.

Com o renascimento da ciência pitagórica e platónica, e também com a subordinação da experiência às determinações de peso, conta e medida, facilitadas pelo progresso arábico das matemáticas, a noção de substância e a noção de categoria sofreram uma alteração verificável nos textos da filosofia moderna.

Acima da natureza, isto é, das leis do nascer e do morrer, foram situadas as relações inteligíveis cuja imortalidade substituía a dos deuses da mitologia antiga.

O pensamento filosófico foi obrigado a aceitar como padrão de necessidade a sequência das relações matemáticas, relações inteligíveis, substantes, existentes em si e para si.

A relação foi refutando a pouco e pouco a substância. Os sistemas filosóficos afirmavam-se relativistas na medida em que iam sendo fenomenistas, desistindo de designar a substância absoluta.»

(continua)

Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.100-101.

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