agosto 19, 2012


«Quanto mais nos elevamos numa posição de comando, tanto mais a mente, compreensão e penetração predominam na actividade e tanto mais, portanto, a ousadia, que é propriedade dos sentimentos, é mantida em sujeição, e por isso a encontramos tão raramente nos postos mais elevados.

Mas então, tanto mais deveria ser admirada.

A ousadia dirigida por uma inteligência dominante, é a marca do herói: esta ousadia não consiste em aventurar-se directamente contra a natureza das coisas, num perfeito desprezo pelas leis das probabilidades mas, uma vez feita uma escolha, na rigorosa aderência a esse cálculo superior, que o génio, o tacto do julgamento, verificou com a velocidade do raio.

Quanto mais asas a ousadia emprestar à mente e ao discernimento, tanto mais longe alcançarão no seu voo, tanto mais compreensível será a vista geral, tanto mais exacto o resultado, mas certamente que sempre apenas no sentido que, com maiores objectivos, maiores são os perigos com eles relacionados.

O homem vulgar, sem falar nos fracos e irresolutos, chega a um resultado exacto na medida em que isso for possível sem uma demonstração ocular, no máximo depois de diligente reflexão no seu aposento, à distância do perigo e da responsabilidade.

Se o perigo e a responsabilidade começarem a cercá-lo em todas as direcções, então perde o poder de visão compreensivo e se, por influência dos outros, retém este em certa medida, sempre perderá o seu poder de decisão, porque nesse ponto ninguém o poderá ajudar.»

op.cit.,Livro III, Capítulo 6, p. 175 (a ousadia)

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