«A influência dos princípios teóricos sobre a vida real é fruto mais da crítica que da doutrina, porque, como a crítica é uma aplicação da verdade abstracta a acontecimentos reais, ela não só traz esta verdade para mais próximo da vida, como também, com a constante repetição da sua aplicação, acostuma mais o entendimento a tais verdades. Achamos, por isso, necessário fixar o ponto de vista da crítica próximo do da teoria.
Da simples narração de uma ocorrência histórica que coloca os acontecimentos por ordem cronológica ou, no máximo, toca de leve nas suas causas mais imediatas, separamos o crítico.
Neste crítico podem observar-se três diferentes operações mentais.
Primeiro, a investigação histórica e a determinação de factos duvidosos. Isto é pesquisa histórica pura, e nada tem de comum com a teoria.
Em segundo lugar, o ligar os efeitos às causas. Esta é a verdadeira investigação crítica; é indispensável para a teoria, porque tudo aquilo que na teoria tem de ser estabelecido, justificado ou apenas explicado pela experiência, só deste modo pode ser determinado.
Em terceiro lugar, o testar dos meios empregados. Isto é crítica propriamente dita, onde se inclui louvor e censura. É aí que a teoria ajuda a história, ou antes, os ensinamentos que dela se podem derivar.
Nestas duas partes estritamente críticas do estudo histórico, tudo depende de seguir o curso dos factos até aos seus elementos primários, ou seja, até verdades indubitáveis e não, como é muito vezes feito, parar a meio do caminho em qualquer assunção ou suposição arbitrária.
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