setembro 12, 2011


«E aqueles dois seres humanos caminhavam indistintos de compreensão futura,
aos bordos sentimentais, a polir arestas salientes do dia a dia. Para os dois
o mundo estava isolado por um dique intransponível.

A vida projectava-se de um lado e do outro,
como as margens adormecidas do Rio Lima.

Podiam parar, olhar para a noite, fazer tudo aquilo que aos
outros humanos era sentimento passageiro de igualdade.

Pouco importava agora a sua separação. Sentiam-se diferentes,
como as caras das pessoas que se cruzam nas ruas.

Só a tragédia ou a aventura os podia aproximar

Ruben A., A Torre da Barbela (1964),
Assírio & Alvim, Lisboa, 1995, p. 102-3

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