março 13, 2011



«Num boudoir de homens, quer dizer, numa sala de fumo
contígua a uma elegante casa de jogo, quatro homens
fumavam e bebiam. Não eram exactamente nem jovens
nem velhos, nem belos nem feios, mas velhos ou jovens,
traziam essa distinção não negligenciável dos veteranos
da alegria, esse indiscritível não sei o quê, essa tristeza
fria e trocista que diz claramente: «Temos vivido
intensamente, e buscamos o que poderíamos amar
ou estimar.» Um deles dirigiu a conversa para o tema

das mulheres. Teria sido mais filosófico não falar nisso;
mas há gente culta que, depois da bebida, não dispensa
a conversação banal. Ouve-se então aquele que fala
como se ouviria música de dança.»

Charles Baudelaire, O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa),
(Le Spleen de Paris - Petits Poèmes en Prose, 1869)
Relógio d'Água, col. B.I.,025, Lisboa, 2007, p.109

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