março 15, 2011



«Durante quinze dias, estive confinado ao meu quarto,
rodeado pelos livros que nesse tempo (há uns dezasseis
ou dezassete anos) estavam na moda: refiro-me aos livros
que tratam da arte de fazer os povos felizes, sábios e
ricos, em vinte e quatro horas. Tinha então digerido
— tragado, quero eu dizer —todas as elucubrações
de todos esses empresários da felicidade pública:
dqueles que aconselham todos os pobres
a tornarem-se escravos, e daqueles
que os persuadem de que são todos
reis destronados.

— Não é de estranhar
que estivesse então
num estado de espírito
próximo da vertigem ou da estupidez.»

Charles Baudelaire, O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa),
(Le Spleen de Paris - Petits Poèmes en Prose, 1869)
Relógio d'Água, col. B.I.,025, Lisboa, 2007, p.125

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