Notável, e enunciado publicamente pela primeira vez em Portugal, a necessidade de baixar 20 a 30% de todos os salários e rendimentos, por concertação social. Esta averando-se impossível, o Estado actuaria por via fiscal na redução geral dos rendimentos, estimulando assim o acordo. Explicado, também, que ao contrário do que os leigos imaginem, essa redução dos salários e pensões nominais seria acompanhada por um descida equivalente dos bens e serviços não-transaccionáveis, como a electricidade, o gáz, os telefones e comunicações, os transportes, tudo gerando um efeito de valorização dos rendimentos reais. Uma deflação dirigida neste sentido reproduziria os efeitos semelhantes aos que se conseguiam nas antigas desvalorizações cambiais, que agora, com moeda única, forte, só no conjunto da União pode ocorrer (e em parte está a acontecer, pois o € já baixou de quase $1.5 para $1.2 (dólar USA). Esta deflação de rendimentos nominais em concertação social, - ou por tributação se não conseguido o acordo -, tornará a produção de bens transaccionáveis - exportáveis - mais competitiva, e a dívida externa pode começar a reduzir-se para níveis de normalidade na ordem dos 30 a 40% do PIB, o que permitirá ao país reerguer-se e "passar a pedir dinheiro emprestado, não como quem pede uma esmola, mas como quem propõe um negócio"!
Bem entendido uma implementação dete tipo de medidas estratégicas teria de ser acompanhada de uma cuidadosa observação de detalhes precisos. Diga-se, desde logo, que a baixa de vencimentos seria mínima, simbólica, nos escalões mais baixos, ou mesmo inexistente para o salário mínimo e pensões diminutas. Também, as exportações não se reergueriam pela pura baixa de custos mas tentar-se-ia reorientar o tipo de produção de bens e serviços mais compensador em termos de valor acrescentado e de procura notável, como é o caso de vários produtos de tecnologia intermédia. Eu gostava de ver Portugal viabilizado e com gente de mais valor e dignidade.
:) Eu fiquei admirado porque foi a primeira vez que ouvi alguém discorrer assim publicamente sobre política económica.
Na verdade, o que ele enunciou está conforme os ensinamentos macro-económicos no estado actual de conhecimento.
Reduzir nominalmente os custos e os preços do sector de produção dos bens e serviços não-transaccionáveis favorece a alocação de recursos ao sector dos bens transaccionáveis e de substituição das importações, o que, justamente, era o efeito que antigamente se alcançava com a desvalorização cambial.
Não é nenhuma novidade teórica o que Abel Mateus defende, mas foi ele o primeiro a quem ouvi propor em público o que os macroeconomistas ensinam.
O custo de uma vida é o da sua sustentação e reprodução. Abaixo desse limiar, a vida cessa; acima, prolifera. Mas a questão política económica decisiva é a da distribuição do produto justa, o mesmo é dizer, lógica.
9 comentários:
Notável, e enunciado publicamente pela primeira vez em Portugal, a necessidade de baixar 20 a 30% de todos os salários e rendimentos, por concertação social. Esta averando-se impossível, o Estado actuaria por via fiscal na redução geral dos rendimentos, estimulando assim o acordo. Explicado, também, que ao contrário do que os leigos imaginem, essa redução dos salários e pensões nominais seria acompanhada por um descida equivalente dos bens e serviços não-transaccionáveis, como a electricidade, o gáz, os telefones e comunicações, os transportes, tudo gerando um efeito de valorização dos rendimentos reais. Uma deflação dirigida neste sentido reproduziria os efeitos semelhantes aos que se conseguiam nas antigas desvalorizações cambiais, que agora, com moeda única, forte, só no conjunto da União pode ocorrer (e em parte está a acontecer, pois o € já baixou de quase $1.5 para $1.2 (dólar USA). Esta deflação de rendimentos nominais em concertação social, - ou por tributação se não conseguido o acordo -, tornará a produção de bens transaccionáveis - exportáveis - mais competitiva, e a dívida externa pode começar a reduzir-se para níveis de normalidade na ordem dos 30 a 40% do PIB, o que permitirá ao país reerguer-se e "passar a pedir dinheiro emprestado, não como quem pede uma esmola, mas como quem propõe um negócio"!
Bem entendido uma implementação dete tipo de medidas estratégicas teria de ser acompanhada de uma cuidadosa observação de detalhes precisos. Diga-se, desde logo, que a baixa de vencimentos seria mínima, simbólica, nos escalões mais baixos, ou mesmo inexistente para o salário mínimo e pensões diminutas. Também, as exportações não se reergueriam pela pura baixa de custos mas tentar-se-ia reorientar o tipo de produção de bens e serviços mais compensador em termos de valor acrescentado e de procura notável, como é o caso de vários produtos de tecnologia intermédia. Eu gostava de ver Portugal viabilizado e com gente de mais valor e dignidade.
Gostei de ler
:))
:) Eu fiquei admirado porque foi a primeira vez que ouvi alguém discorrer assim publicamente sobre política económica.
Na verdade, o que ele enunciou está conforme os ensinamentos macro-económicos no estado actual de conhecimento.
Reduzir nominalmente os custos e os preços do sector de produção dos bens e serviços não-transaccionáveis favorece a alocação de recursos ao sector dos bens transaccionáveis e de substituição das importações, o que, justamente, era o efeito que antigamente se alcançava com a desvalorização cambial.
Não é nenhuma novidade teórica o que Abel Mateus defende, mas foi ele o primeiro a quem ouvi propor em público o que os macroeconomistas ensinam.
E eu que ando a precisar de umas lições de economia!
Obrigada, Vasco.
:)
A economia não é estritamente como a física cujas leis são sempre obedecidas, porque faz parte delas a sanção imediata de da sua violação.
Na economia, os procedimentos lógicos podem violar-se repetidamente, só que...
vão gerando, a pouco e pouco, disfuncionamentos que redundam no bloqueamento de toda a hipótese de felicidade.
ó excelentes,ó senhores sabe-tudo, quanto custa uma vida?
pois é.
palermas!
eagora sou eu k me rio
AHAHAHAH!
O custo de uma vida é o da sua sustentação e reprodução. Abaixo desse limiar, a vida cessa; acima, prolifera. Mas a questão política económica decisiva é a da distribuição do produto justa, o mesmo é dizer, lógica.
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