«Ao escrever sobre mim na 1ª pessoa, sufocara-me
e tornara-me invisível, o que me impedia de
encontrar aquilo que buscava.» (p.72)
Eis onde cessa a expressão pela palavra
por a paixão obliterar a percepção da realidade
«Gwyn era uma fogueira de beleza, um ser incandescente,
uma tempestade no coração de todo e qualquer homem
que parasse a apreciá-la, e aquele instante em
que a vi pela primeira vez é, sem dúvida,
um dos mais assombrosos momentos
da minha vida.» (p.191)
Mas, na ficção, como na vida,
o imprevisível acontece
«O revólver estava apontado a nós e, sem mais
nem menos, numa simples fracção de segundo,
o universo inteiro tinha mudado.» (p.52)
Porque o que parece improvável,
não é menos real do que tudo
o que é possível
«… parecia-me improvável [ ] Porém,
as probabilidades não contam quando se trata
de acontecimentos reais, e só porque é improvável
que determinada coisa aconteça, não podemos concluir
que não acontecerá.» (p.15)
Assim, o novo romance de Paul Auster,
intermediando o consequente com o imprevisto,
o lógico com o surpreendente,
numa narrativa fluente
mas de sentido
indecidido,
nem falso nem verdadeiro.
2 comentários:
Parece-me uma excelente abordagem a "Invisível". Muito bem escolhidas, as citações.
Uma busca que se confronta permanentemente com a ambiguidade.
Gostei muito, Vasco :)
:))
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