julho 07, 2013

Sá de Miranda

Ó meus castelos de vento
que em tal cuita me pusestes,
como me vos desfizestes!

Armei castelos erguidos,
esteve a fortuna queda
e disse: Gostos perdidos,
como is a dar tão grâ queda!
Mas, oh! fraco entendimento!
em que parte vos pusestes
que então me não socorrestes?

Caíste-me tão asinha,
caíram as esperanças;
isto não foram mudanças,
mas foram a morte minha.
Castelos sem fundamento,
quanto que me prometestes,
quanto que me falecestes!


Sá de Miranda, “Poesia e Teatro”,
selecção, introd. e notas por
Silvério Augusto Benedito,
Ulisseia, Lisboa, 1989, p. 59

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