setembro 23, 2012


(continuação 8)

«A doutrina das categorias, tal como aparece exposta no primeiro livro do Organon, não corresponde paralelamente à marcha progressiva do método experimental, isto é, não representa adequadamente o trânsito intelectual do indetermoinado para o determinado nem a indagação filosófica das aparências para as essências. [ ]

Apesar de tudo, permanece válido o mérito do livro de Aristóteles, como primeira formulação de um método de inteligência discursiva para evitar as objecções da dialéctica, com a negação e os contrários, e para sair das generalidades da retórica.

Agrupamos, para melhor entendimento, as dez categorias aristotélicas em cinco pares: substância e relativo, quantidade e qualidade, lugar e tempo; posição e possessão; acção e paixão.

A substância do discurso é aquilo de que se fala. Para explicitar alguma determinação da substância é indispensável construir a proposição que, segundo os escolásticos, que pode ser segundo adjacente ou terceiro adjacente.

A afirmação e a negação, construídas com o verbo ser, como verificamos na dialéctica, recaem sobre a substância, e não sobre os acidentes expressos segundo as categorias. Assim, vemos que os verbos estar, ter, haver, existir, etc., não são susceptíveis de exprimir contradição substancial, ainda que se apresentem como modos do verbo ser.

Existir é o modo de ser no tempo e no espaço; estar é um modo de exprimir várias qualidades; ter e haver exprimem outras categorias. Mudar segundo as categorias, ou determinações, é movimento, não é contradição.»

(continua)

Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.99


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