setembro 19, 2012

              Árvore de Brentano para as categorias de Aristóteles

(continuação 7)

«Aristóteles enuncia nos seus livros as dez categorias seguintes: substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, possessão, acção, paixão. A sequência destas categorias quadra, evidentemente, com a descrição dos animais, e com razão se tem dito que a lógica aristotélica é de inspiração biológica.

Aplicou Aristóteles o método experimental que põe o tempo de permeio, no estudo dos fenómenos vitais. [ ] Aristóteles admirou nos viventes não só a beleza severa da simetria exterior, mas também a da relação das estruturas com as funções, relação inteligente de meios a fins que o naturalista descobre usando a analogia.

Além da observação, a experimentação consiste em colocar um ser vivo perante outro ser vivo, para verificar como reciprocamente agem e reagem um com o outro, no respectivo viveiro, ou em modificar o ambiente e a circunstância para verificar a adaptação exterior e interior.

Este método aristotélico de pensar na relação de antecedente para consequente foi com alto êxito aplicado por Carlos Darwin [ ]. A acção e a reacção, que os verbos científicos exprimem, pressupõem um agente e um paciente, sem perder jamais a analogia com as relações dos seres viventes e a dos seres humanos, já esclarecida nos tratados de ética, de moral e de política.

Este experimentalismo aristotélico, em busca de estabelecer relações de antecedente para consequente, e, mais ainda, variações concomitantes, quando transferido para a literatura poderá dar origem a exercícios mais fecundos. [ ]

A substância do discurso, da proposição ou do juízo há-de ser deslocada de categoria para categoria, como o animal que infere através dos quatro elementos, ou quatro estados. Esta ordenação propõe-se representar a vida do conceito.
A seriação temporal conduz o pensamento para o termo, para o fim, para a finalidade.»



(continua)

Álvaro Ribeiro, Estudos Gerais,
Lisboa, Guimarães Editores, 1961, pp.96-98.

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