setembro 22, 2011


«Havia nos Barbelas um orgulho de casta que em alguns se transmitia
em vaidade de pecado mortal, mas mesmo esta vaidade era uma vaidade
académica, secundária, vingativa, vaidade que mais tarde se exteriorizou
[ ] em preocupações exclusivas de que só eles eram sapientes.


Uma vaidade sem grandeza, desprezível onde o desequilíbrio entre
o ser que pensava e o ser que se envaidecia era tal que o vaidoso
dominava o inteligente [ ] E nessa mistura de sensações,
sentimentos, reacções, uma coisa era aquilo que
os Barbelas pensavam, outra o que faziam.

Falavam, falavam, conversavam fiado por tempos sem conta,
discutiam, assentavam decisões e conversas, e ao fim
encaminhavam-se ao natural de nada se ter passado.

[ ] Enfim, o que havia, era, bem ou mal, a prata da casa.»


Ruben A., A Torre da Barbela (1964),
Assírio & Alvim, Lisboa, 1995, pp.233-4

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