abril 09, 2011



Solidão


Como quem tece um xale
para o frio da alma
invento os teus braços
nos meus ombros,
o verão da tua boca
na minha pele.
No meu outono, agreste,
invento-te.
E a tua lembrança,
que não foi nem houve,
porque não existes
ou o teu destino é longe
e noutro lugar
atravessa a noite.


Luísa Dacosta, A maresia e o sargaço dos dias

2 comentários:

analima disse...

Noto um gosto especial por este livro. Mas percebe-se porquê. :)

vbm disse...

:))

Versos singelos
e belíssimos.

Eu não conhecia Luísa Dacosta.
E os pequenos contos, do Frente-Verso
em prosa, são também impecáveis.