Rosto
Nunca vieste
quando o desejo
fazia um entalhe de sofrimento e apelo
na polpa, madura, do dia.
Nunca vieste
quando um golpe de luar
abria ao lado do meu corpo
um lençol fresco, para acolher-te.
A tua boca não prendeu
a flor dos meus lábios.
Nunca calei no teu beijo
a indizível palavra.
Nunca vieste
Respirei-te no sonho.
A morte terá o teu rosto desconhecido.
Luísa Dacosta,
A maresia e o sargaço dos dias
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