abril 11, 2011




Rosto


Nunca vieste
quando o desejo
fazia um entalhe de sofrimento e apelo
na polpa, madura, do dia.


Nunca vieste
quando um golpe de luar
abria ao lado do meu corpo
um lençol fresco, para acolher-te.


A tua boca não prendeu
a flor dos meus lábios.
Nunca calei no teu beijo
a indizível palavra.


Nunca vieste


Respirei-te no sonho.
A morte terá o teu rosto desconhecido.


Luísa Dacosta, A maresia e o sargaço dos dias

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