dezembro 09, 2010



UM JARDIM (AZEITÃO)

Se eu disser que havia uma cascata
_________________________de jardins
descrevo a casa com o traçado do seu estilo
ou uma associação vulgar sobre as quedas curvas
_____________________________________da folhagem

Desci pelos socalcos da mansão com o terror
de qualquer alma ou ânimo poder
__________________________vogar
preso aos aromas pela mesma sensibilidade
que me fazia sentir as flores como punhais
_________________________________ou ameaças

Tombou-me aos pés todo o corpo natural
____________________________daquele jardim
configurado.

A nova folhagem saia do tear
____________________tal como a vi
orvalhada e gélida nesse paço arruinado
próprio na minha época para simbolizar o desértico.

Estes prismas já perderam o sentido
____________________________dos seus traços originais,
o seu estilo ou figura legível há duas centenas de anos.
Hoje a hera envolve com nós excessivos as torres.

Das janelas ovais só existe este texto
____________________________porque não as vejo
ocultas no volume estilizado híbrido,
que une a casa ao jardim e a um lago, repartido
entre o mundo vegetal, a aparência da casa
_______________________________que se reflecte
e a intenção decorativa
________________que eu não confirmo.

Não lamento que o tempo desdoire os cálices
__________________________________ácidos
do enxame. Nem que a água estagne no fosso
no ponto por onde passo entre os espectros
_______________________________do pomar

para outra sequência irreconhecível. Desejo no pensamento
aqueles meses em que era perfeita a relação
_______________________________entre tudo
o que aqui é disperso, o único momento vivo
em que o plano do arquitecto, assim como o do paisagista,
________________________e a vitalidade dos moradores
concebiam o estilo pelo qual a presença destes insectos
atordoados nesta cascata seca era ordenada e emocionava.

Porque cada coisa existe pela conjunção
_______________________________das suas formas,
a pata do escaravelho é nula como elemento do estilo,
a não ser que eu aceite uma parcela da destruição
_________________________como outra existência
actual, o estado posterior das figuras
que decaíram ou o das emoções desaparecidas
entre o tecido de símbolos ocultos de uma geração.

Fiama Hasse Pais Brandão

2 comentários:

Meg disse...

Vasco,

Fiama é uma poetisa de que sei muito pouco. Tenho-a lido por aqui, mas pouco mais. Vou tentar recuperar, agora que ultrapassei uma fase "esquisita!.
Como vês, continuo eu, myself, cá por coisas.

Um beijo da meg

Se puderes mudar o link!... a rec...foi para o espaço.

vbm disse...

Mudei para o "yourself"! :)
Gosto de fiama.
E de nuno júdice.
E de ti.

bejos,
V.