abril 04, 2010
— Ah, príncipe — clamou Mirzoza —, sonhar dá-vos
que fazer. Gostaria que tivesseis passado uma boa
noite; mas, agora que conheço o vosso sonho,
ficaria desiludida se não o houvesseis tido.
— Senhora — disse Mangogul —, conheço noites
mais proveitosas do que a deste sonho que tanto
vos agrada; e se tivesse sido senhor da minha
viagem, é muito provável que, não esperando
encontrar-vos na região das hipóteses,
orientasse os meus passos noutra direcção.
Não estaria neste momento com a dor
de cabeça que me aflige ou, pelo menos,
teria motivo para suportá-la.
[ ]
FIM DO SONHO DE MANGOGUL
OU VIAGEM À REGIÃO DAS HIPÓTESES
:))
Denis Diderot, As jóias indiscretas, («Les bijoux indiscrets», 1748)
Publicações Europa-América, Lisboa, 1976, cap. XXXII, pp. 145-9
2 comentários:
Ah e então o que se segue, agora que terminou o sonho?
:)) O sultão vivia entediado :); distraia-o uma magia pela qual conhecia os segredos de alcova das damas da sua corte; só não a exercia em relação à sua favorita, em cuja fidelidade acreditava; não resistiu, porém, à curiosidade... mas a sua jóia predilecta era-lhe fiel! :)
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