uma bela fotografia de gabriela llansol
«Não me esqueço de que preferes que não se fale de ti
porque receias uma imagem que te guarde.
Mas, com todo o rigor,
um rosto que volta
é uma imagem que se desfaz.
A fonte é sempre a mesma
mas o aspecto adianta-se, imprevisível;
a tal ponto que a vontade se exerce,
não a captar a imagem,
mas a desposar a força que a gerou.»
Mª Gabriela Llansol,
Contos do mal errante
4 comentários:
Nunca li nada de Maria Gabriela Llansol até a ter lido aqui. Por coincidência(?) também li o artigo de António Guerreiro no Expresso sobre a sua última casa e sobre o "Espaço Llansol", que também tem um blogue interessante. Já vi que vou ter que dedicar algum tempo a conhecê-la.
Llansol enfeitiça-nos na sua escrita. Compreendo-a só em parte. O primeiro livro que li dela deixou-me tão encantado quanto o vi ter ficado o saudoso Eduardo Prado Coelho no comentário que fez ao livro: Onde vais drama-poesia? É uma escritora mais hermética do que propriamente esotérica e parece que deixou um baú repleto de inéditos, tipo Fernando Pessoa... :)
Bem, então o melhor é começar já! E qual me aconselhas?
:) Olha que é uma escritora muito fechada no seu próprio universo de referências, que escreve "intertextual-mente" com vários autores, Holderlin, Nietzsche, Fernando Pessoa, Camões, Espinosa, S. João da Cruz, Jorge de Sena, etc. É preciso um estado de espírito especial para a ler e só por acaso me sucedeu tê-lo sentido... e, como disse, maravilhei-me com esse "Para onde vais drama-poesia?" tão bem recebido pelo Prado Coelho. Mas depois, aquele que gostei mais foi o "Contos do mal errante", o "Causa amante", talvez também o "Lisboa-leipzig" e um dos últimos, "Amigo e Amiga". O que se passou comigo, enquanto leitor, foi que não me deixei irritar com o que não percebia - li quase tudo o que editou em vida - porque me senti encantado com o que percebi. De resto, hei-de editar inúmeros posts dos seus livros! :)
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