MiradoiroCom tristeza e vergonha enternecida,
Olho daqui
A ponte de palavras
Que construí
Sobre o abismo da vida.
Sonhei-a;
Desenhei-a;
Sólida até onde pude,
Lancei-a como um salto de gazela:
E não passei por ela!
Vim por baixo, agarrado ao chão do mundo.
Filho de Adão e Eva,
Era de terra e treva
O meu destino.
E cá vou como um pobre peregrino.
Miguel Torga, Antologia Poética,
Gráfica de Coimbra, 4ª ed., 1994
2 comentários:
Boa Tarde...
Todos somos peregrinos - poema intenso que, confesso, não conhecia...
Obrigada pela partilha e pela visita ao Com Amor.
Beijos e abraços
Marta
É um poema forte,
assim mesmo à miguel torga!
Construiu uma ponte de palavras
na leveza de um salto de gazela
mas tão consistente quanto pôde.
Porém, a vida, essa lavrou-a
agarrado à terra, seu destino
qual pobre peregrino
filho de adão e eva.
:)
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