dezembro 02, 2008
Edgar Degas, O Bebedor de Absinto
Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso.
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura.
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
«Ela aí vem!» disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, - talvez não o suspeites!-
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal."
Cesário Verde
3 comentários:
Pois...
Este poema é muito sugestivo....
Não vou comentar,não é o meu género...
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Pelos vistos, a sua amiga não viu as suas prendas....
Se não for lá...
Ab
Mariz
Também tenho estranhado as suas visitas..ou falta delas.
O meu blog deixou de o interessar, está visto...
O teu blog é difícil, Mariz.
É absinto puro!
A sorver em pequenos goles...
O absinto queima...e não é doce...
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