março 19, 2008


esculturas de Gustav Vigeland (1869-1943),
no Frogner Park em Oslo, na Noruega

Escultura de amanhã
Dentro de um secular sossego
nós somos
a escultura de amanhã

(trilhos de formiga
descem no cabelo
patinado de pó o coração)

Tu e eu
só estátuas de amanhã
Não temos na mão a flor
um livro uma espingarda
uma cadeira gasta onde morrer
E sem o monstro gótico apunhalado aos pés

(Todos os sonhos são de pedra ou bronze
não os meus de palha ou de papel)

Tu e eu
baixo-relevo
vendidos tocados expostos em vida
perseguidos pelos milionários
e pelos mortos talvez que invadiram já
o pedestal das estátuas

Tu e eu
elípticos de sexo
ontem gritada no teu peito
hoje secreto no meu ventre

deserdados da sombra
já sem gesto
escultura de amanhã


Luiza Neto Jorge

Cortesia imagem e poema,
blogs Modus vivendi e aluaflutua

2 comentários:

Tinta Azul disse...

Gostei deste experimental blog!
experimentá-lo-ei mais vezes.
[Tenho uma espécie de paixão pelas esculturas de Vigeland e pelo Parque onde se encontra a maioria delas e também pela história do próprio parque.]
:)

vbm disse...

:) Ao vivo, num parque devem ser mesmo admiráveis. Se o bom gosto se espraisse pelas cidades a vida seria mais sorridente :)