abril 20, 2016




Floriram por engano as rosas bravas
No Inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?


Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que num momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!


E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...


Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze — quanta flor! — do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?

 

                           Camilo Pessanha

2 comentários:

Lilian Ferreira disse...

Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas?...

Fim do amor..

vbm disse...

Consciencializa, também, a fugacidade da juventude,
o envelhecimento e a brevidade da existência.
Mas não pensemos nisso! :))