março 03, 2011
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«Digo do corpo,
o corpo:
e do meu corpo
digo no corpo
os sítios e os lugares
de feltro os seios
de lâminas os dentes
de seda as coxas
o dorso, em seus vagares.
Lazeres do corpo:
os ombros,
as lisuras - o colo alto
a boca retomada
no fim das pernas
a porta da ternura,
dentro dos lábios
o fim da madrugada.
Digo do corpo,
o corpo:
e do teu corpo,
as ancas breves
ao gosto dos abraços
os olhos fundos
e as mãos ardentes
com que me prendes
em sítios cansados
Vício de um corpo:
o teu
com o seu veneno
que bebo e sugo
até ao mais amargo,
ao mais cruel grau
do esgotamento
e onde em segredo
nado
em cada espasmo.
Digo do corpo,
o corpo:
o nosso corpo
Digo do corpo.
o gozo
do que faço
Digo do corpo
o uso
dos meus dias
e a alegria
do corpo sem disfarce.»
Maria Teresa Horta
2 comentários:
gosto muito da poesia da mariazinha.
Todo o enunciado
dos sentidos e prazeres
do corpo, próprio e do do parceiro,
é neste poema abençoado
numa alegria do corpo
sem disfarce.
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