fevereiro 03, 2011




O sol é grande, caem coa calma as aves,
Do tempo em tal sazão que sói ser fria:
Esta água, que d'alto cai, acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.

Ó coisas todas vãs, todas mudaves,
Qual é o coração que em vós confia?
Passando um dia vai, passa outro dia,
Incertos todos mais que ao vento as naves!

Eu vi já por aqui sombras e flores,
Vi águas, e vi fontes, vi verdura;
As aves vi cantar todas d'amores.

Mudo e seco é já tudo; e de mistura,
Também fazendo-me eu fui doutras cores;
E tudo o mais renova, isto é sem cura.


Sá de Miranda

2 comentários:

mdsol disse...

:)

vbm disse...

:))

Sabes, descobri que Sá de Miranda
era da familia de Vittoria Colonna!

Uma poetisa renascentista de uma
aristocrática nobreza familiar e de costumes,
admirada platonicamente por Miguel Ângelo!