dezembro 28, 2010
«Pela primeira vez, há muito tempo,
pensei na minha mãe.
Julguei ter compreendido porque é que,
no fim de uma vida, arranjara um “noivo”,
porque é que fingira recomeçar.
Também lá, em redor desse asilo
onde as vidas se apagavam, a noite
era como uma treva melancólica.
Tão perto da morte, a minha mãe
deve ter-se sentido libertada
e pronta a tudo reviver.
Como se esta grande cólera me tivesse limpo
do mal, esvaziado da esperança, diante
desta noite carregada de sinais
e de estrelas, eu abria-me
pela primeira vez
à terna indiferença do Mundo.»
(Albert Camus, O estrangeiro)
Um texto mágico,
a que costumo associar este outro:
«Em que meditas, meu amigo?
Será nos teus antepassados?
Todos eles são pó no pó.
Meditas nas virtudes deles?
Repara só como sorrio.
Toma desta copa e bebamos,
Ouvindo sem inquietação
O grande silêncio do mundo.»
Omar Khayyam, Rubaiyat
6 comentários:
Dois textos mágicos...
na mouche para este "inferno" Dezembrino.
Apetecia-me tirar este mês do calendário... para sempre.
Nunca mais é Janeiro, Vasco!
Um abraço e um bom 2011
ps:gostava de estar mais eufórica, mas...
NÃO ESTOU e pronto(s)!
Belíssimos apontamentos nos ofereces, Vasco! Perante a indiferença e o grande silêncio do mundo, resta-nos a ternura e a amizade :)
um abraço e votos de um 2011 com tudo de bom para ti e para os teus.
Bom Ano, Meg.
O Fernando, agora,
escreve pouco no "Conversas"...
Abraço,
V.
:)
Bom Ano, Paula.
Belo é o teu "Catharsis" :)
beijos,
V.
Um ano bom, caro Vasco.
:)))
Bom Ano, Sol.
:))
Enviar um comentário