«Houve um ano em que as andorinhas se esqueceram de partir.
Comovidos, os deuses adiaram o começo do inverno.
Nesse ano, uma mulher e um homem se fundiram em barco
feito vento e partiram sem rumo e sem dar notícias:
como se fora de cinza o nome que usaram. Agora, nenhum horário
retarda o êxodo das últimas andorinhas em direcção ao sol.
Diz-me, meu amor, onde se cruza a tua sombra com a minha.
Diz-me em que crónica de espanto te tornaste o marinheiro
que debandou de encontro ao deslumbramento das manhãs.»
Graça Pires, Reino da Lua
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