Ismael Nery, Figura, c. 1927/1928
óleo s/ tela, 105 x 69,2 cm
O CORPO OCUPA A FIGURA
Assombra-me o som parcimonioso da flauta, com limites,
pelo declive. O meio-dia é a hora em que assoma o corpo,
flamejando, progredindo para o exterior ou para o interior
do progresso para a proximidade. Não passar pelo Nada,
a escutar a fonia dos animais animados. Não recuar perante
a Natureza, ofensiva portadora da dor, terrífica separação.
Com os sentidos perante a ordem possível. Uma única gare
torna a coesão soma das partes coagindo-se; aquela vem,
torna a coesão soma das partes coagindo-se; aquela vem,
cabendo ainda no olhar de acesso. O individual é definido
por uma discordância interior. Justaposição do caos sereno à cena,
por um ovíparo que esvoaça tal como no soalho tenebroso
prosseguem melros.1 Meio-dia! Trinos! O corpo ocupa a figura,
desocupa-a. No panorama o som voador de flauta desliza
no corpo ensombrecido pela sombra do corpo da figura.
1 «Ce toit tranquille où marchent des colombes», P. Valéry
1 «Ce toit tranquille où marchent des colombes», P. Valéry
Fiama Hasse Pais Brandão
Nota:-As linhas diferem, em extensão, dos versos originais.
4 comentários:
Muito interessante, Vasco.
Não conhecia este.
Obrigada :)
olá. tudo blz? muito legal. apareça lá. abraços.
Fiama, fascina-me! :)
Oi, Rolando!
Visitarei o seu blog
com muito gosto.
Abraço,
Vasco
Enviar um comentário