setembro 21, 2010
Madame Bovary
Rouen
«Puis, d’un seul coup d’oeil, la ville apparaissait.
Descendant tout en amphithéâtre et noyée dans le brouillard, elle s’élargissait au-delá des ponts, confusément. La pleine campagne remontait ensuite d’un mouvement monotone, jusqu’à toucher au loin la base indécise du ciel pâle. Ainsi vu d’en haut, le paysage tout entier avait l’air immobile comme une peinture; les navires à l’ancre se tassaient dans un coin; le fleuve arrondissait sa courbe au pied des collines vertes, et les îles, de forme oblongue, semblaient sur l’eau de grands poissons noirs arrêtés. Les cheminées des usines poussaient d’immenses panaches bruns qui s’envolaient par le bout. On entendait le ronflement des fonderies avec le carillon clair des églises qui se dressaient dans la brume. Les arbres des boulevards, sans feuilles, faisaient des broussailles violettes au milieu des maisons, et les toits, tout reluisants de pluie, miroitaient inégalement, selon la hauteur des quartiers. Parfois un coup de vent emportait les nuages vers la côte Sainte-Catherine, comme des flots aériens qui se brisaient en silence contre une falaise.
(continua)
op.cit., p.393
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«Depois, subitamente, a cidade aparecia.
Descendo em anfiteatro e afogada em nevoeiro, alargava-se para além das pontes, confusamente. A larga campina subia depois num declive monótono, até tocar ao longe a linha indecisa do céu pálido. Assim vista de alto, toda apaisagem parecia imóvel, como uma pintura; os navios ancorados amontoavam-se num canto; o rio arredondava a sua curva próximo de colinas verdes, e as ilhas, de forma oblonga, pareciam grandes peixes escuros presos na água. As chaminés das fábricas soltavam imensos penachos cinzentos que se desvaneciam no ar. Ouvia-se o som áspero das fundições junto ao claro repique das igrejas que se erguiam na bruma. As árvores das avenidas, sem folhas, formavam grandes manchas violáceas por entre as casas, e ostelhados, reluzentes de chuva, lançavam reflexos mais ou menos brihantes, conforme a altura dos bairros. Por vezes um pé de vento varria as nuvens esverdeadas para os lados da encosta de Sainte-Catherine, como ondas aéreas que se quebrassem em silêncio nas penedias.»
(III.5, p.284)
:))
{Ainda melhor do que contemplar uma pintura,
o olhar exacto em humana linguagem, a
mais expressiva de todas as artes! :)}
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