«Ao ouvir a porta fechar-se atrás da rapariga, Karim sentiu-se aliviado de um grande peso. Ia por fim poder respirar à vontade. Saltou da cama e, apertando o cordão das calças do pijama, saiu para o terraço.
Morava desde há uns oito dias neste quarto, onde desfrutava uma soberba vista para o mar; fora uma agradável mudança, pois o seu precedente alojamento, sombrio e sem ar, era um autêntico pardieiro dos bairros indígenas.
E desde que ali morava, acordava todas as manhãs com um sentimento de descuidosa alegria. A primeira coisa que fazia era ir para o terraço, para gozar o espectáculo que aquela situação privilegiada lhe oferecia.»
(continua)
Albert Cossery, A violência e o escárnio,
(«La violence et la dérision», 1964),
trad. Júlio Henriques, Antígona,
Lisboa, 1999,
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