maio 07, 2010

(continuação 5)

«Ladeando as artérias deixadas ao abandono
pelos serviços de conservação e limpeza,
imóveis prometidos a próximos desabamentos

(e cujos proprietários há muito
que tinham varrido do espírito
qualquer sobranceria de possidentes)

exibiam nas varandas e terraços convertidos
em abrigos precários os trapos coloridos
da miséria como se fossem
bandeiras de vitória.»

(continua)

Albert Cossery, As cores da infâmia,
(«Les couleurs de l’infamie», 1999),
trad. Ernesto Sampaio, Antígona, Lisboa, 2000

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