(continuação 2)
«Impermeável ao drama e à desolação, esta chusma de gente
carreava uma espantosa variedade de personagens
pacificadas pela sua ociosidade;
operários sem trabalho, artesãos sem clientela,
intelectuais desinteressados da glória,
funcionários administrativos expulsos
das repartições por falta de cadeiras,
diplomados pela universidade vergados ao peso
de uma ciência estéril, enfim, os eternos trocistas,
filósofos amorosos da sombra e da quietude que dela emana,
para quem a deterioração espectacular da sua cidade
tinha sido especialmente concebida para
lhes aguçar o espírito crítico.»
(continua)
Albert Cossery, As cores da infâmia,
(«Les couleurs de l’infamie», 1999),
trad. Ernesto Sampaio, Antígona, Lisboa, 2000
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